Empresa dona de submarino Titan demitiu especialista que alertou sobre segurança em 2018

De acordo com documentos judiciais dos Estados Unidos, um especialista em submarinos que trabalhou para a OceanGate, empresa responsável pelo submarino que desapareceu no oceano no último domingo (18/6), havia levantado preocupações sobre possíveis problemas de segurança em 2018.

Após vários dias de busca, os destroços do veículo foram encontrados nesta quinta-feira. Tanto a Guarda Costeira dos Estados Unidos quanto a própria OceanGate confirmaram que as cinco pessoas que estavam a bordo faleceram.

“Acreditamos que, infelizmente, perdemos nosso CEO Stockton Rush, Shahzada Dawood e seu filho Suleman Dawood, Hamish Harding e Paul-Henri Nargeole”, disse a companhia.

David Lochridge, que se mudou da Escócia para o estado de Washington nos Estados Unidos para trabalhar na OceanGate, expressou entusiasmo com a missão em uma entrevista à BBC em 2017.

No entanto, menos de um ano depois, ele alertou seus superiores sobre possíveis falhas no casco de fibra de carbono do submarino Titan, enfatizando a necessidade de testes mais rigorosos e sugerindo a contratação de uma agência externa para certificar a embarcação.

Inicialmente, seus avisos verbais foram ignorados até que ele elaborou um relatório e foi convocado para uma reunião com vários funcionários, incluindo o CEO da OceanGate, Stockton Rush, que estava a bordo do submarino desaparecido.

Lochridge foi demitido pela OceanGate, que o processou por divulgar informações confidenciais. Em resposta, o especialista em submarinos processou a empresa por demissão injusta. No final, as duas partes chegaram a um acordo.

Lochridge não está dando entrevistas neste momento, segundo seu advogado.

Segundo documentos do tribunal, Lochridge descobriu que os fabricantes da janela frontal do submarino Titan só o certificaram para uma profundidade de 1,3 mil metros, enquanto os restos do Titanic estão a uma profundidade de 3,8 mil metros abaixo da superfície do oceano.

Em 2018, especialistas da Marine Technology Society escreveram uma carta para Stockton Rush, CEO da OceanGate, expressando preocupações unânimes em relação ao Titan. A carta, revelada pelo jornal The New York Times, alertava sobre possíveis problemas “catastróficos” com o design do submarino.

Além disso, os especialistas apontaram que a OceanGate estava fazendo declarações “enganosas” sobre o design do submarino, alegando que ele atendia aos padrões de segurança da indústria.

“É nossa opinião unânime que este processo de validação por terceiros é um componente crítico nas salvaguardas que protegem todos os ocupantes submersíveis”, dizia a carta.