Submarino Titan: OceanGate tem dívida milionária e pode fechar as portas após acidente

 

A OceanGate, empresa responsável pelo submarino Titan, enfrenta sérias dificuldades financeiras após o trágico acidente que resultou na perda de cinco vidas durante um passeio aos destroços do Titanic. Felipe Pontes, sócio da consultoria financeira L4 Capital, expressou a opinião de que a empresa pode encerrar suas operações devido à impossibilidade de pagar suas dívidas.

O acidente e as violações das normas de segurança, incluindo a demissão de um diretor que questionou a segurança do submersível em 2018, levaram à perda irreversível da credibilidade da OceanGate. Pontes acrescentou que há uma alta probabilidade de a empresa encerrar seus negócios, possivelmente através de um pedido de falência do Capítulo 11, o que poderia envolver processos e multas significativas.

No ano de 2022, o fundador da OceanGate, proprietária do submarino Titan, admitiu ter violado algumas regras. De acordo com informações da plataforma CrunchBase, que trata de transações comerciais, a OceanGate realizou uma captação milionária de recursos em 2020.

Nessa ocasião, a empresa de turismo realizou uma rodada de investimentos, arrecadando US$ 19,3 milhões (cerca de R$ 92,2 milhões), como forma de obter fundos para iniciar ou expandir seus negócios.

As empresas normalmente captam dinheiro para:

A empresa tinha diversos objetivos para utilizar os US$ 19,3 milhões captados, incluindo pesquisa e desenvolvimento de equipamentos, expansão de operações, estratégias de marketing para alcançar mais clientes, além de cumprir questões regulatórias e de segurança.

O G1 procurou a empresa para obter informações sobre como esses recursos foram investidos, mas não obteve resposta até o momento desta reportagem. Conforme dados do CrunchBase, a quantia teria sido destinada para a criação do passeio turístico até o Titanic.

Com base em uma análise realizada por Pontes, da L4 Capital, estima-se que a OceanGate precisaria realizar 193 expedições para recuperar todo o investimento captado. Segundo a empresa, havia 18 expedições planejadas para o local do naufrágio em 2023, sendo que o acidente da última semana foi a primeira tentativa deste ano.

Após a realização de mergulhos bem-sucedidos nos anos anteriores, a empresa vendeu viagens para os destroços do Titanic. De acordo com o jornal “The New York Times”, a OceanGate realizou pelo menos outras duas expedições até o local entre 2021 e 2022.

Para chegar ao cálculo de 193 viagens, o economista considerou que cada viagem geraria uma receita de US$ 1 milhão. O preço por passageiro é de US$ 250 mil (R$ 1,2 milhão), e cada submarino comporta apenas quatro pessoas, excluindo o piloto.

Pontes também levou em conta que os custos, como salários dos funcionários, equipamentos, despesas burocráticas, impostos, entre outros, totalizariam aproximadamente US$ 900 mil. Assim, restariam apenas US$ 100 mil para quitar a situação com os investidores.

Portanto, seriam necessárias 193 viagens, com um saldo de US$ 100 mil em cada uma delas, para pagar os US$ 19,3 milhões arrecadados.

Se a empresa fechar, o que acontece com os investidores?

Segundo Pontes, a maioria dos contratos de investimento em capital de risco, conhecidos como investimentos sementes, envolvem dívidas conversíveis.

Esse tipo de dívida permite que os investidores alocem recursos em empresas em estágio inicial, com a possibilidade de converter essa dívida em participação futura na empresa em eventos de liquidez, como uma Oferta Pública Inicial de Ações (IPO) ou em futuras rodadas de investimento, caso o valor da empresa aumente com seu crescimento.

Fonte: G1