Aos 4 anos de idade, Nilofar AyoubiNa foi agredida covardemente por um desconhecido enquanto brincava pelas ruas da pequena cidade de Kunduz, no norte do Afeganistão. A jovem nasceu nos anos de 1993, e na oportunidade em que ela foi agredida, o homem ainda apalpou as suas partes de sinais de “feminilidade”, não satisfeito, o agressor ameaçou que se ela não usasse um véu, ele atacaria a família dela da próxima vez. Diante da violência e com medo do que pudera acontecer, o pai de Nilofar resolveu disfarçá-la como um menino pelos próximos dez anos seguintes.
A jovem viveu durante a primeira era do domínio talibã, entre os anos de 1996 a 2001. O país, um dos mais conservadores de todo o planeta, é muito famoso lamentavelmente pela repressão sobre as mulheres. Depois de ser sofrer o ataque na infância, o seu pai cortou os seus cabelos, passou a trajar a menina como um rapaz para sua segurança. Desde então, a menina começou a levar uma rotina de vida totalmente radical e diferente. Nos dias atuais, ela relembra que “teve o mesmo tratamento que os irmãos”.
“Como menino, uma pessoa passa a ter automaticamente mais poder, mesmo sendo uma criança de dois anos. A partir dos quatro anos, um rapaz pode tornar-se acompanhante legal da mulher que lhe trouxe ao mundo e esta passa a ser a sua escrava”, disse Nilofar em entrevista para a BBC.
“Podíamos caminhar quilômetros e quilômetros. Íamos de carro para assistir a esportes, tínhamos amigos na vizinhança e ficávamos o tempo todo brincando na rua” — lembrou a jovem no decorrer de uma entrevista ao canal BBC, entregando ainda que passou a praticar karatê, bicicletas e judô. No mesmo tempo, as suas irmãs eram obrigadas a cobrir os seus cabelos e vestir-se de maneira conservadora, longe dos homens, algo que, de acordo com ela, o seu pai odiava.
Quando a menina completou 13 anos de idade, sua vida deu outra mudança radical. Após uma aula de judô, a menina menstruava pela primeira vez. Na oportunidade, a menina contou que naquele dia percebeu que o processo de assumir que era, na realidade uma mulher não foi fácil.
“Lembro-me de ficar tão chateada por ser menina que, durante a noite, chorei na minha cama e implorei a Deus. (…) Tudo é tabu para uma menina no Afeganistão, incluindo o que acontece quando o corpo começa a mudar”, contou na entrevista.
Desde os anos de 2001, um novo governador travava uma batalha para manter o controle, e outros direitos começaram a surgir para as mulheres. Com isso, Nilofar pôde ir à escola, onde mesmo muito rebelde, tivesse um excelente desempenho. Foi para a escola e a jovem deu vida um movimento para promover a educação das mulheres, sobretudo no que dizia respeito aos temas que não eram ensinados nos estabelecimentos de ensino no Afeganistão.
Quando completou 19 anos, a jovem se casou e, após trocar alianças voltou ao Afeganistão com o seu marido. Na oportunidade, Nilofar criou um luxuoso império de moda, mobiliário e ainda design de interiores, proporcionando emprego para as mulheres que não tinham o apoio financeiro de um homem. No ápice de sua carreira, contava com 300 funcionários e diversas lojas na cidade.