Lá pelos anos 80, Silvio Santos bolou uma brincadeira que virou uma das suas marcas mais reconhecidas nas décadas seguintes: os famosos aviõezinhos de dinheiro. Tudo começou com o programa Tudo por Dinheiro, que foi ao ar de 1986 até 1990, e transformou essa ideia em uma verdadeira tradição nos programas do Silvio. Depois, isso ainda se espalhou por outros programas, como o Topa Tudo por Dinheiro e o Programa Silvio Santos.
A brincadeira era simples: Silvio jogava cédulas de dinheiro — de R$ 20, R$ 50 e até R$ 100 — em forma de aviãozinho para a plateia, que era sempre composta só por mulheres. Quem via de casa, ou mesmo ali na plateia, via aquela alegria toda e pensava que os aviõezinhos eram feitos meio que na correria, ali nos bastidores, na hora do programa. Mas não era nada disso.
Na real, o trabalho de fazer esses aviõezinhos era do ex-chefe de cenários do SBT, o Jorge Assis de Souza, conhecido pela galera como Sr. Assis. Ele era o cara que ficava responsável por confeccionar cerca de cem aviões toda semana. E não era tarefa fácil não, viu? Pra fazer 45 dessas aeronaves, o Assis gastava, em média, umas três horas. Ou seja, era um trabalho que exigia dedicação e precisão, porque se o aviãozinho não fosse bem feito, ele não voava direito e estragava a diversão.
Hoje em dia, quem cuida dessa missão é o Natan. O Assis, já bem idoso, vive atualmente em uma casa de repouso para idosos, de acordo com o que informou a assessoria do SBT à coluna Play, do jornal O Globo. Já faz mais de 10 anos que outra pessoa assumiu o papel de confeccionar os aviõezinhos. Essa transição aconteceu porque, em 2017, o Sr. Assis precisou se afastar dos trabalhos no SBT por questões de saúde.
Apesar disso, o Assis já havia revelado lá em 2013 que, mesmo ainda trabalhando, ele já contava com a ajuda de um assistente. “Quando o Silvio criou a brincadeira, eu fazia os aviõezinhos sozinho. Hoje, um funcionário me ajuda. Ele dobra, e eu selo com durex. Fico de olho. Se for mal feito, abre ao ser arremessado. Mas se é bem feito… Voa tanto que fica preso em partes altas do cenário”, disse ele na época.
Essa história do Sr. Assis e dos aviõezinhos mostra como até os detalhes mais simples dos programas de TV que a gente tanto ama têm bastidores cheios de dedicação e carinho. Não era só dobrar um papel e pronto. Tinha um trabalho minucioso ali, uma preocupação com cada detalhe para garantir que os aviõezinhos voassem direitinho e fizessem a alegria da plateia e dos telespectadores.
E, cá entre nós, quem nunca sonhou em estar naquela plateia, torcendo para pegar um desses aviõezinhos, né? Mesmo quem não viveu essa época, só de ouvir as histórias já dá pra imaginar a euforia e a diversão que era estar ali, bem pertinho do Silvio e ainda com a chance de sair com um trocado no bolso. E essa brincadeira, que parece tão simples, acabou se tornando um símbolo, algo que vai ficar na memória de muita gente como uma das coisas que faziam os programas do Silvio Santos serem tão especiais.

O Sr. Assis, com seu trabalho quase artesanal, ajudou a criar essa magia. Mesmo hoje, quando os aviõezinhos continuam a voar pelas mãos de outra pessoa, a lembrança do cuidado e do capricho do Assis continua viva, como um pedacinho da história do SBT e da TV brasileira.
Fonte: Caras.