O jornalista Cid Moreira faleceu na quinta-feira (03), aos 97 anos, deixando uma legião de fãs que sempre admiraram sua voz marcante e sua trajetória no jornalismo brasileiro. Mesmo com uma idade avançada, Cid sempre pareceu estar em paz com a ideia da morte. Em uma entrevista dada em 2022 para a revista Quem, ele já tinha falado de forma bem sincera sobre o assunto, deixando claro que não tinha medo de partir.
Essa entrevista rolou depois de um baita susto que ele levou com a saúde. Na época, ele passou por um problema sério, foi diagnosticado com insuficiência renal e teve que encarar de frente a questão da mortalidade. Só que, ao contrário de muita gente que fica preocupada, o Cid tava bem tranquilo. Ele chegou até a dizer que não queria ficar preso a máquinas em um hospital, vivendo apenas por estar conectado a aparelhos.
“Eu nem penso nisso [morte]. Quando descobri [a insuficiência renal], eu não quis fazer nada a respeito. Quem ficou preocupada foi ela [sua esposa, Fátima]. Sou contra essa coisa de ficar em sobrevida com aparelho. Tira o aparelho e a pessoa está morta, vegetando. Eu não quero isso pra mim”, desabafou Cid na época. Ele tinha essa postura bem resolvida, uma forma de encarar a vida e a morte que muitos talvez não entendam, mas ele era firme em suas convicções.
Cid e a experiência dolorosa com a mãe
Ele também relembrou uma parte difícil de sua vida, os últimos dias de sua mãe. Cid contou que viu de perto o quanto ela sofreu antes de falecer, e foi esse sofrimento que o fez escolher um caminho diferente pra ele. “Minha mãe parecia um trapo. Eu vivi isso de perto. Por isso, optei pelo tratamento em casa”, disse o jornalista, refletindo sobre como não queria que a vida dele terminasse da mesma maneira.
Esse relato pessoal ajuda a entender melhor o porquê dessa postura tão serena em relação à morte. Ele já tinha passado por uma situação dolorosa dentro de sua própria família e não queria repetir essa experiência. Para ele, o ideal era uma despedida tranquila, sem o sofrimento prolongado que ele viu de perto.
Reação de Fátima Bernardes
A morte de Cid pegou muita gente de surpresa, inclusive sua esposa, Fátima Bernardes, que compartilhou um pouco de sua dor em uma participação no programa “Encontro com Patrícia Poeta”, também nesta quinta-feira (03). Fátima, visivelmente abalada, disse que ficou “perdida” ao receber a notícia do falecimento do marido. “Quando me avisaram que ele estava partindo, fiquei meio perdida e pensei em você, Patrícia”, contou ela durante o programa.
Ela também explicou por que decidiu falar sobre a morte de Cid logo no programa da Patrícia. Segundo Fátima, ela só aceitou dar essa declaração pública porque Patrícia é uma pessoa gentil e o Cid, por ser uma figura tão pública, merecia uma despedida à altura. “Só falei com você porque você é muito gentil, e ele era um homem público. Senão, estaria quietinha vivendo o meu luto”, afirmou ela, visivelmente emocionada.
Uma despedida que ecoa
Cid Moreira deixa um legado impressionante no jornalismo brasileiro. Sua voz inconfundível e sua presença forte marcaram gerações que cresceram ouvindo suas narrações e apresentações no Jornal Nacional. Ele foi, sem dúvida, uma referência de seriedade e comprometimento com a informação. E mesmo em seus últimos anos de vida, ele continuou sendo um exemplo de força e serenidade.
A morte de Cid Moreira nos lembra que, por mais longa que seja a jornada, sempre chega um momento de despedida. E Cid, com sua sabedoria e experiência de vida, nos ensinou que aceitar a finitude com dignidade pode ser uma das maiores lições que podemos aprender.
Agora, é hora de relembrar os momentos marcantes que ele deixou, tanto na televisão quanto em suas reflexões sobre a vida e a morte. Descanse em paz, Cid.