No velório, dava pra perceber que a menina parecia meio quente o dia inteiro. Quando a gente pegava nela, dava pra sentir uns movimentos que ela fazia com a mão. O corpo dela só foi liberado lá pras sete da manhã, mas, mais ou menos ali pelas duas e meia, três da tarde, a gente começou a notar que a menina tava mostrando uns sinais vitais. Foi o que o pai dela falou pro portal Biguá Tá On, um site local.
Ele contou que, assim que a família começou a desconfiar que tinha algo estranho, chamaram um enfermeiro pra medir os batimentos cardíacos da bebê. Logo depois, umas conselheiras tutelares repetiram o procedimento. Só que demorou ainda um tempinho — tipo, mais de uma hora — até o Corpo de Bombeiros chegar lá. “A menina já tava há 12 horas no caixão e os bombeiros encontraram 65 batimentos por minuto e saturação de 86. Então, automaticamente, ela tava viva”, explicou o pai.
A pequena Kiara Crislayne de Moura dos Santos foi levada de novo pra Fundação Hospitalar Faustino Riscarolli, onde, aliás, já tinham declarado o óbito dela mais cedo. Quando chegou lá, a equipe médica plantonista fez o atendimento, mas, infelizmente, ela já não tinha mais sinais vitais. Declararam o óbito mais uma vez.
Agora, a família tá questionando o que rolou no hospital
O Cristiano, pai da menina, quer entender direito o que aconteceu durante o trajeto até o hospital e esse segundo atestado de óbito. “Não deixaram ninguém ir junto na ambulância, nem pai, nem mãe, nem nada. Pegaram e foram”, disse ele. “Quando a gente chegou no hospital, entraram, fecharam a sala e ninguém podia entrar. Fecharam tudo, e eu não sei o que fizeram lá dentro. Depois de uns 30 minutos, vieram falar que não conseguiram pegar nenhum pulso.”
A Prefeitura de Correia Pinto soltou uma nota dizendo que vai investigar o caso. A diretora da Fundação Hospitalar Faustino Riscarolli já pediu ajuda pro Instituto Geral de Perícias (IGP), que vai fazer uma análise e, segundo eles, o laudo vai sair em uns 30 dias.
Como tudo aconteceu
Na quinta-feira (17), a Kiara foi levada pro hospital depois de passar mal. “Ela deu entrada às 21h18. O doutor Wagner falou que era virose. Aí medicaram ela, colocaram soro e liberaram pra ir pra casa”, contou o pai.
No dia seguinte, segundo Cristiano, a menina passou o dia tomando remédio, mas ainda tava com vômito e diarreia. Na madrugada, os pais notaram que a bebê não tava nada bem de novo e voltaram pro hospital.
“Quando a gente chegou, o médico começou a fazer o atendimento. Ele fez massagem no peito dela, colocou um tubo no nariz, tipo nebulizador, e pediu ajuda da acompanhante que tava lá pra ajudar. Tentou de tudo, mas não conseguiu reanimar a menina. Depois, ele colocou um instrumento de ferro na garganta dela, empurrou o tubo e seguiu fazendo massagem. Nada funcionou. Aí, ele declarou o óbito”, explicou o pai.
Depois disso, o corpo da menina foi levado pra funerária São José. O dono do local, Áureo Arruda Ramos, também falou com o portal e deu detalhes de como foi o procedimento todo.
“Chegando no hospital, a gente recebeu a declaração de óbito lá na portaria. Voltamos pra funerária e trouxemos a bebê. O Daniel, nosso plantonista da noite, que recebeu o corpo. A família foi buscar a roupinha dela em casa e voltou pra cá. Nesse tempo, a gente deu banho na bebê, vestiu a roupa e colocou no caixão. Criança não faz tanatopraxia”, ele disse. “A família tava lá com a gente, o pai e a mãe acompanharam tudo. No final da tarde, recebi uma ligação de um parente falando que a criança podia tá viva. Eu falei pra eles ligarem logo pros Bombeiros ou tomarem alguma providência e levarem ela de volta pro hospital.”