O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) comentou nesta quinta-feira (14) sobre o episódio envolvendo o homem que morreu após explosões na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Segundo Bolsonaro, ele não conhecia Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, o catarinense que foi identificado como proprietário do carro que continha explosivos no estacionamento da Câmara dos Deputados. Em suas palavras, o ex-presidente se referiu ao homem como um “maluco” e disse não ter “a menor ideia” sobre quem ele era.
Em entrevista ao portal Metrópoles, Bolsonaro sugeriu que Francisco poderia ter deixado algum tipo de mensagem, escrita ou gravada, que pudesse esclarecer suas intenções. Até o momento, a Polícia Federal está investigando o caso para determinar se o incidente teve motivações políticas ou se foi uma ação isolada. As primeiras informações indicam que Francisco era adepto de teorias da conspiração, que ele compartilhava frequentemente em suas redes sociais, onde era conhecido pelo apelido de “Tio França”.
Poucas horas antes de sua morte, Francisco fez publicações nas redes que sugeriam suas intenções. Em um dos textos, ele mencionava o dia do ataque de forma irônica: “Pai, Tio França não é terrorista, né? Ele apenas soltou uns foguetinhos para comemorar o dia 13”. A referência à data mostra uma possível intenção de associar o ato a algum tipo de manifestação simbólica, embora o tom da publicação fosse ambíguo.
Além dessas postagens, Francisco também compartilhou uma foto sua dentro do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Na legenda, ele escreveu: “Deixaram a raposa entrar no galinheiro”, insinuando que havia conseguido acessar um local estratégico de maneira desapercebida. Esses detalhes levantaram suspeitas sobre a real motivação por trás de suas ações naquela noite.
Francisco Wanderley Luiz, mais conhecido como “Tio França” entre seus seguidores nas redes sociais, já tinha um histórico de participação política. Em 2020, ele se candidatou ao cargo de vereador em Rio do Sul, cidade localizada no oeste de Santa Catarina, pelo Partido Liberal (PL). Na época de sua candidatura, o partido ainda não contava com Bolsonaro em seus quadros, já que o ex-presidente só se filiou à sigla em 2021, um ano após a tentativa de Francisco de entrar na política local.
Ao ser questionado pelo Metrópoles, Bolsonaro fez questão de reforçar esse ponto, afirmando que sua entrada no PL ocorreu após o período em que Francisco foi candidato. “Ele se candidatou pelo PL antes de eu entrar no partido, então não tenho nenhuma ligação com essa pessoa”, declarou o ex-presidente, tentando se distanciar de qualquer associação direta com o episódio.
O caso, que está sendo amplamente investigado, trouxe à tona discussões sobre a segurança da capital e o uso de redes sociais para disseminar ideias radicais. Embora Francisco fosse um personagem aparentemente marginal nas redes, suas postagens demonstravam alinhamento com teorias conspiratórias e críticas aos líderes dos Três Poderes, o que levanta preocupações sobre a influência de discursos extremistas.
A Polícia Federal segue analisando os dados recolhidos do veículo e dos dispositivos eletrônicos do homem, na tentativa de entender o que motivou suas ações. Ainda que o ex-presidente tenha se apressado em negar qualquer vínculo, as autoridades investigam se o incidente foi inspirado por um contexto mais amplo de polarização política e extremismo no país.
Enquanto isso, figuras públicas e analistas de segurança têm alertado para a necessidade de aumentar a vigilância contra possíveis ameaças em locais sensíveis de Brasília. O atentado, embora isolado, reabre o debate sobre o papel das redes sociais na disseminação de ideologias radicais, especialmente entre indivíduos que podem agir de forma autônoma, mas com uma inspiração clara em discursos inflamados.
Bolsonaro, por sua vez, mantém a postura de distanciamento e insiste que qualquer tentativa de associar seu nome ou de seu partido a atos de violência é injusta. Contudo, o episódio evidencia um cenário complexo em que o país ainda se encontra, onde discursos polarizados e ações extremistas continuam a desafiar a estabilidade democrática.
Este episódio serve como mais um alerta sobre o risco representado por indivíduos influenciados por discursos radicais, que podem, eventualmente, escalar para atos de violência. E, em um país já marcado por tensões políticas, a necessidade de reforçar a segurança e combater a desinformação se torna ainda mais urgente.