A Polícia Civil da Bahia formalizou o pedido de prisão preventiva contra o policial militar Marlon da Silva Oliveira, acusado de matar dois adolescentes no último domingo (1º), no bairro Alto de Ondina, em Salvador. O caso gerou revolta na comunidade local e repercutiu amplamente nas redes sociais após a divulgação de um vídeo que registrou o crime.
As imagens, gravadas por uma testemunha, mostram o momento em que o policial aborda os adolescentes que estavam em uma motocicleta. Após serem rendidos e revistados, os jovens são obrigados a deitar no chão, de bruços e com as mãos na cabeça. Minutos depois, o policial dispara várias vezes contra eles. Em seguida, ele deixa o local em um carro branco, abandonando as vítimas.
Detalhes do crime
De acordo com a perícia inicial, o policial disparou pelo menos 12 vezes. Gabriel Santos Costa, de 17 anos, não resistiu aos ferimentos e morreu no local. O segundo adolescente, de 19 anos, foi socorrido em estado crítico e permanece internado no Hospital Geral do Estado (HGE). Seu nome não foi divulgado pelas autoridades.
Depoimento e investigação
Na segunda-feira (2), Marlon Oliveira compareceu voluntariamente à 1ª Delegacia de Homicídios de Salvador para prestar depoimento. Ele afirmou que agiu em legítima defesa, embora o vídeo divulgado não sustente essa alegação, já que os adolescentes estavam claramente imobilizados e desarmados no momento dos disparos.
Como o policial não foi detido em flagrante e se apresentou espontaneamente, ele foi liberado após ser ouvido. Enquanto isso, a Polícia Civil segue coletando depoimentos de testemunhas e analisando imagens de câmeras de segurança na região para concluir o inquérito.
Pedido de prisão preventiva
Ainda na segunda-feira, a Polícia Civil encaminhou o pedido de prisão preventiva à Justiça, argumentando que a medida era essencial para a continuidade das investigações e para garantir a segurança da comunidade. No entanto, o plantão judiciário não considerou o caso como urgente, adiando a decisão sobre a prisão do suspeito.
Posicionamento das autoridades
Em nota oficial, a Secretaria da Segurança Pública da Bahia afirmou que a Polícia Civil está tomando todas as medidas necessárias para esclarecer o caso e identificar a motivação do crime. Além disso, a Polícia Militar informou que instaurou um processo administrativo disciplinar para apurar a conduta de Marlon Oliveira, o que pode resultar na sua expulsão da corporação.
Repercussão pública e cobrança por justiça
O caso gerou indignação nas redes sociais e levantou questionamentos sobre o uso excessivo de força por parte de agentes de segurança pública. Diversas organizações de direitos humanos e lideranças comunitárias exigiram celeridade nas investigações e punição exemplar para o responsável.
Esse episódio ocorre em meio a um contexto de crescente debate sobre violência policial no Brasil. Casos como o de Marlon Oliveira trazem à tona discussões sobre a necessidade de reformular treinamentos, revisar protocolos de abordagem e aumentar a transparência nas investigações envolvendo agentes de segurança.
Um apelo por mudanças
Os moradores do Alto de Ondina, abalados pelo ocorrido, organizaram manifestações pacíficas pedindo justiça para as vítimas. “É inaceitável que jovens desarmados, rendidos e sem qualquer ameaça, sejam tratados dessa forma. Queremos respostas e mudanças!”, afirmou uma das líderes do movimento local.
Enquanto o caso ainda está em andamento, a população de Salvador e o país aguardam por um desfecho que traga justiça e, quem sabe, represente um passo em direção à mudança tão necessária no sistema de segurança pública. A expectativa é que a Justiça avalie o pedido de prisão preventiva nos próximos dias e que o inquérito avance de forma transparente.
O desfecho desse caso será acompanhado de perto, não apenas pela comunidade local, mas por toda a sociedade, que cobra medidas firmes para evitar que tragédias como essa se repitam.