Na manhã desta sexta-feira (13), um catamarã que transportava 50 pessoas afundou em Maragogi, no litoral norte de Alagoas, um dos destinos turísticos mais procurados do Nordeste. O acidente resultou na morte de Silvio Bispo Romão, de 76 anos, e deixou moradores e visitantes da região em choque.
Imagens gravadas por passageiros e compartilhadas nas redes sociais mostram o momento exato em que a embarcação começa a se inclinar rapidamente. A cena é de pânico: algumas pessoas correm para as laterais do barco em busca de áreas seguras, enquanto outras gritam por socorro. Em poucos segundos, o catamarã desaparece sob as águas.
Segundo informações iniciais, o barco transportava 47 passageiros e 3 tripulantes. A Secretaria Municipal de Turismo de Maragogi informou que a embarcação não estava registrada no Cadastro Único Digital de Prestadores de Serviços de Turismo, uma exigência para qualquer embarcação que opera passeios na região.
Barco não tinha autorização para operar
Diego Vasconcelos, secretário de Turismo de Maragogi, confirmou a irregularidade. “A empresa responsável é formalizada, mas a embarcação não tinha autorização para operar. Isso é grave e precisamos entender como esse barco foi autorizado a sair”, declarou Vasconcelos.
Ele também informou que um gabinete de crise foi montado logo após o incidente, com o objetivo de apurar as causas do naufrágio e oferecer suporte às vítimas e suas famílias. “Vamos tratar esse caso com a seriedade que ele merece. Nossa prioridade agora é garantir a segurança dos turistas e evitar que algo assim se repita”, acrescentou o secretário.
Investigação em andamento
A Polícia Civil esteve no local para realizar os primeiros procedimentos e apreendeu toda a documentação da embarcação. Tripulantes e os proprietários do catamarã foram convocados a prestar depoimentos ainda nesta sexta-feira. A principal linha de investigação é a negligência, mas outros fatores, como problemas estruturais na embarcação e condições climáticas no momento do passeio, também estão sendo analisados.
O uso de coletes salva-vidas no momento do acidente ainda é uma dúvida central na apuração. O secretário de Turismo informou que as investigações preliminares ainda não confirmaram se todos os passageiros estavam devidamente equipados ou se houve alguma falha no protocolo de segurança. “Essa é uma questão que precisamos esclarecer com urgência. Se havia coletes e eles não foram usados, precisamos saber o porquê”, completou Vasconcelos.
Turismo em Maragogi: uma preocupação crescente
Maragogi, famosa por suas piscinas naturais e praias de águas cristalinas, recebe milhares de turistas todos os anos. O passeio de catamarã é uma das principais atrações da região e, justamente por isso, as autoridades locais têm intensificado o rigor na fiscalização das embarcações. Contudo, casos como o desta sexta-feira mostram que ainda há lacunas no controle de segurança.
Para a comerciante Mariana Souza, que trabalha vendendo lanches próximo ao ponto de embarque, o acidente trouxe uma sensação de insegurança. “A gente vê tanto turista indo e voltando nesses passeios. Nunca imaginei que algo assim pudesse acontecer. Agora todo mundo está com medo”, relatou.
Depoimentos de sobreviventes
Sobreviventes do naufrágio também começam a relatar o que viveram durante o acidente. André Luiz, que estava no passeio com a família, descreveu o desespero no momento em que o barco começou a afundar. “Foi tudo muito rápido. A embarcação inclinou e todo mundo começou a correr. Não deu tempo de pensar em nada, só em sair dali.”
Ele destacou ainda que, apesar do susto, conseguiu se salvar porque estava com colete salva-vidas. “Eu coloquei o colete logo que embarquei, mas vi muita gente sem. Isso pode ter feito a diferença.”
Segurança no turismo deve ser prioridade
Especialistas alertam que o caso de Maragogi acende um alerta sobre a fiscalização de atividades turísticas no Brasil. O advogado Marcelo Nunes, especialista em direito marítimo, explica que, além da responsabilidade da empresa, as autoridades locais precisam garantir que todas as normas de segurança sejam cumpridas. “Não basta a empresa estar regularizada. A embarcação precisa passar por vistorias constantes e ter autorização para operar. É a vida das pessoas que está em jogo.”
Enquanto as investigações seguem, a comunidade local e os turistas aguardam respostas sobre as causas do acidente. A tragédia deixou uma marca em um lugar conhecido por sua beleza e tranquilidade, mas que agora precisa lidar com questões urgentes relacionadas à segurança.