Na última sexta-feira (13), Gilberto Gil participou de uma entrevista emocionante no programa Conversa com Bial, transmitido pela TV Globo. Durante a conversa com o jornalista Pedro Bial, o cantor abriu o coração ao falar sobre uma das maiores dores de sua vida: a perda de seu filho Pedro Gil, que faleceu em 1990, aos 19 anos, após um trágico acidente de carro.
Quando questionado se a morte de Pedro foi o episódio mais marcante de sua vida, Gil respondeu sem hesitar: “É, acho que sim. Acho que sim porque eu tinha dificuldades de me conformar com a inversão dos fatores. O filho ir antes do pai… Isso é duro”, afirmou o cantor, visivelmente emocionado.
A tragédia que marcou Gilberto Gil
Pedro Gil, filho do meio do cantor, era baterista e começava a trilhar seus primeiros passos na música, uma paixão herdada do pai. Ele se preparava para tocar ao lado de Gilberto Gil no Hollywood Rock, um dos principais festivais de música daquele ano, que aconteceria no Rio de Janeiro.
No entanto, o destino tomou um rumo cruel. Na madrugada do dia 25 de janeiro de 1990, Pedro sofreu um acidente de carro na avenida Epitácio Pessoa, na Lagoa, uma das áreas mais movimentadas do Rio. O jovem chegou a ser socorrido e, apesar de ter apresentado um quadro estável inicialmente, seu estado piorou nos dias seguintes. Pedro ficou internado na UTI do Hospital da Beneficência Portuguesa por oito dias, mas não resistiu.
O inconformismo de um pai
Durante a entrevista, Gilberto Gil não escondeu a luta interna que enfrentou para aceitar a perda do filho tão cedo. “Foi uma tragédia. Ele era muito jovem, 19 anos. Aquilo foi uma tentação para o inconformismo. Não me conformo com isso! Não me conformo com isso!”, desabafou o cantor. A fala carregada de emoção refletiu o sentimento comum a muitos pais que passam pela dor de perder um filho.
Ainda assim, Gil ponderou sobre a necessidade de seguir em frente. “Mas a gente tem que se conformar com tudo, né? A vida segue”, completou, em um tom de resignação.
Pedro Gil e a paixão pela música
Pedro não era apenas filho de Gilberto Gil; ele também carregava o mesmo talento e amor pela música que fizeram do pai um dos maiores nomes da MPB. Aos 19 anos, já demonstrava sua habilidade como baterista e tinha planos promissores para o futuro. A ideia de dividir o palco com o pai no Hollywood Rock simbolizava a continuidade do legado musical da família, um momento que acabou interrompido pelo acidente.
Gilberto Gil, que sempre celebrou a música como uma ferramenta de união e amor, nunca escondeu o orgulho que sentia do filho. Pedro era descrito como um jovem carismático, dedicado e apaixonado pela vida. Sua morte deixou um vazio irreparável na família e nos amigos mais próximos, mas também eternizou sua memória em canções e homenagens feitas por Gil ao longo dos anos.
Reflexão sobre a perda
Durante a entrevista, a vulnerabilidade de Gilberto Gil ao falar sobre Pedro trouxe uma reflexão profunda sobre a fragilidade da vida e a dor do luto. A inversão de ciclos — um filho que parte antes dos pais — é, sem dúvida, uma das experiências mais difíceis de suportar. Gil, com sua sabedoria e serenidade, mostrou que, apesar de tudo, é preciso encontrar forças para continuar.
Esse lado humano e sensível do cantor tocou os espectadores, que relembraram o quanto a música de Gilberto Gil é uma celebração da vida, mesmo em meio à dor. Como ele mesmo disse em outras ocasiões, a música foi uma das formas de encontrar consolo.
Homenagens e legado
Pedro Gil segue vivo na memória de sua família e dos fãs de Gilberto Gil, que veem o episódio como um lembrete da importância de valorizar os momentos ao lado de quem amamos. A entrevista no Conversa com Bial não foi apenas uma homenagem a Pedro, mas também um espaço de reflexão sobre o amor incondicional entre pais e filhos e como o tempo nunca apaga essas conexões.
Ao relembrar o filho, Gil mostrou mais uma vez que a música e a arte têm o poder de transformar até as maiores dores em algo que ecoa no coração das pessoas. Afinal, como ele bem resumiu: “A gente tem que se conformar com tudo, né? A vida é isso.”