As duas caixas-pretas do Boeing 737-800, que explodiu no Aeroporto Internacional de Muan, na Coreia do Sul, foram localizadas neste domingo (29/12), após o trágico acidente que chocou o país. A aeronave tentou realizar um pouso de emergência na noite de sábado (28/12), no horário local, mas o impacto acabou provocando uma explosão devastadora. A informação foi confirmada pelo Ministério dos Transportes sul-coreano.
As caixas-pretas, essenciais para esclarecer o que levou à tragédia, foram recuperadas em horários diferentes: o gravador de voz da cabine foi encontrado às 11h30, e o gravador de dados de voo às 14h24. Ambos os dispositivos estão sob análise de uma equipe composta por oito especialistas em acidentes aéreos e nove inspetores de segurança da aviação. Esses profissionais estão realizando as investigações preliminares no local do acidente, que deixou o país em luto. As informações foram divulgadas pelo jornal britânico The Guardian.
Operação de resgate
Mais de 1.500 pessoas foram mobilizadas para a operação de resgate e recuperação, que ainda está em andamento. Entre os envolvidos estão 490 bombeiros, 455 policiais e 340 militares, todos trabalhando intensamente em condições desafiadoras. O cenário do acidente é descrito como devastador, com destroços espalhados por uma ampla área do aeroporto, complicando os esforços das equipes.
Para lidar com o alto número de vítimas fatais, foi montado um necrotério temporário nas dependências do aeroporto. As autoridades estão em contato direto com as famílias, auxiliando na identificação e no traslado dos corpos para instalações externas. Esse esforço busca trazer algum conforto às famílias em meio à dor da perda.
Impacto no aeroporto
O aeroporto de Muan, um importante ponto de conexão no sul da Coreia do Sul, permanece com a pista principal interditada. O fechamento, inicialmente previsto até as 5h do dia 1º de janeiro de 2025, pode ser prorrogado dependendo das condições no local e do avanço das investigações. O bloqueio está causando impactos significativos nos voos domésticos e internacionais, além de gerar atrasos no transporte de cargas.
A busca por respostas
Com a recuperação das caixas-pretas, as autoridades esperam entender melhor os momentos finais do voo e os fatores que contribuíram para o acidente. Dados preliminares indicam que o Boeing 737-800, pertencente à Jeju Air, enfrentou problemas técnicos que levaram à tentativa de pouso de emergência. Especialistas também estão considerando a possibilidade de uma falha no trem de pouso, potencialmente causada por uma colisão com aves durante a aproximação.
A tragédia deixou um saldo de 179 mortes e apenas dois sobreviventes, que ainda se recuperam sob cuidados médicos. A sobrevivência dessas duas pessoas foi descrita como “um milagre”, dado o impacto do acidente.
O legado da tragédia
O desastre em Muan é agora o acidente aéreo mais mortal da história da Coreia do Sul, superando o ocorrido em 1997 com um avião da Korean Air Lines em Guam, que vitimou mais de 200 pessoas. Além da dor pelas vidas perdidas, o incidente levanta questões sobre a segurança operacional e as práticas de manutenção da aviação no país.
A Jeju Air, proprietária do avião, emitiu um comunicado oficial expressando profundo pesar pelo ocorrido e garantindo que está colaborando ativamente com as investigações. “Estamos tomando todas as medidas necessárias para apoiar as famílias das vítimas e entender o que ocorreu”, declarou a empresa.
Especialistas em aviação destacam que o Boeing 737-800 é amplamente utilizado ao redor do mundo e tem um histórico de segurança sólido. No entanto, o acidente em Muan é um lembrete de que mesmo aeronaves consideradas confiáveis não estão imunes a falhas, especialmente em condições extremas.
Um país em luto
A tragédia no Aeroporto Internacional de Muan não é apenas um acidente isolado, mas um evento que deixa marcas profundas no país. À medida que as investigações avançam, a esperança é de que as respostas obtidas sirvam para evitar que desastres como este voltem a acontecer. Enquanto isso, o luto nacional reflete o impacto de uma tragédia que abalou não apenas as famílias das vítimas, mas também a confiança na segurança aérea da região.