Adolescente morre e outras 8 pessoas da mesma família são internadas após comerem alimento de cesta básica

Uma tragédia comovente abalou o conjunto Dom Rufino, em Parnaíba, no Piauí, quando nove pessoas da mesma família foram vítimas de um possível envenenamento após consumirem uma refeição. O caso resultou na morte de Manoel Leandro da Silva, um adolescente de apenas 17 anos, que não resistiu, falecendo ainda durante o atendimento médico de emergência, segundo informações do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

O que aconteceu?

Tudo começou na noite de quarta-feira, quando a família jantou peixe e arroz, alimentos recebidos como doação em uma cesta básica. Na manhã seguinte, os primeiros sintomas apareceram: náuseas, vômitos e, em alguns casos, convulsões. Foi então que o Samu foi acionado, e a gravidade da situação ficou evidente. Segundo o delegado Renato Pinheiro, que está à frente das investigações, o quadro clínico das vítimas indicava intoxicação grave. “Parte dos peixes consumidos foi apreendida e encaminhada para perícia”, detalhou.

O atendimento foi realizado de forma emergencial, mas a tragédia já havia se desenrolado. Manoel, o adolescente, não resistiu. O restante da família foi levado ao Hospital Regional Dirceu Arcoverde (HRDA), onde três pessoas permanecem em estado gravíssimo: Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos, padrasto do jovem falecido; Maria Jocilene da Silva, de 41 anos; e uma criança de apenas dois anos. Entre os hospitalizados também estão duas irmãs do adolescente e três crianças, filhas das irmãs.

Investigações e incertezas

A origem do suposto envenenamento ainda é um mistério. Segundo as autoridades, o responsável pela casa onde a família mora não sabe dizer exatamente de onde vieram os alimentos da cesta básica. Essa lacuna dificulta o trabalho de investigação. O Instituto de Medicina Legal (IML) já iniciou a análise das sobras da refeição e colheu amostras biológicas das vítimas, incluindo material genético do estômago, sangue e urina de Manoel.

O diretor do IML, Antônio Nunes, explicou que o objetivo é identificar qualquer substância tóxica presente no organismo das vítimas e no alimento consumido. Esse processo pode levar alguns dias, mas será crucial para determinar as causas do ocorrido. “Não podemos afirmar nada ainda, mas há uma grande possibilidade de o problema ter relação com o peixe”, afirmou.

Comunidade em choque

A tragédia abalou a comunidade do conjunto Dom Rufino. Vizinhos e amigos da família estão em estado de choque. Muitos se reuniram em solidariedade, oferecendo ajuda e apoio emocional. Apesar disso, o clima é de apreensão, especialmente porque a origem do alimento contaminado ainda não foi esclarecida, deixando todos em alerta.

A comoção também mobilizou as autoridades locais. O caso gerou uma força-tarefa que inclui delegados, peritos e profissionais da saúde pública, todos empenhados em evitar que algo semelhante volte a acontecer. O Hospital Regional informou que as vítimas internadas estão recebendo o máximo de suporte possível, enquanto as investigações seguem em ritmo acelerado.

Um alerta para a sociedade

Essa tragédia levanta questões importantes sobre a segurança alimentar, especialmente em comunidades vulneráveis que dependem de doações para sobreviver. A falta de controle sobre a origem e a qualidade dos alimentos doados expõe famílias inteiras a riscos graves. Em tempos recentes, casos semelhantes de intoxicação alimentar têm sido registrados no Brasil, evidenciando a necessidade de maior fiscalização e conscientização.

Enquanto isso, a família de Manoel tenta lidar com a dor da perda e com o estado crítico de outros membros. Para muitos, essa tragédia é um chamado à reflexão: como podemos garantir que a ajuda destinada aos mais necessitados seja também segura? O delegado Renato Pinheiro resumiu bem a questão: “Não é só investigar, mas prevenir. Essa é a nossa missão agora”.

Em momentos como esse, o peso da solidariedade se faz sentir. Mas também surge a urgência de repensar políticas públicas que garantam segurança alimentar e evitem tragédias evitáveis.