Jovem baleada pela PRF na cabeça consegue mexer braços e pernas, diz boletim médico

Juliana, jovem atingida por um disparo na cabeça durante uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal em 24 de dezembro, vem apresentando sinais positivos em sua recuperação. O mais recente boletim médico, divulgado nesta sexta-feira (5), trouxe notícias encorajadoras: após 12 dias internada no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HMAPN), ela está consciente, responde a estímulos verbais e retomou a capacidade de movimentar braços e pernas.

Embora as melhoras sejam notáveis, seu quadro ainda exige atenção contínua. Juliana permanece sob cuidados intensivos, sem previsão de alta hospitalar, e seu processo de reabilitação está sendo conduzido com cautela, respeitando os limites de seu corpo. O caso, que chocou o país ao ganhar ampla repercussão, trouxe à tona debates sobre segurança pública e abordagens policiais.

Os médicos responsáveis pelo tratamento afirmaram que, até o momento, não há indícios de danos neurológicos permanentes. Desde o dia 1º de janeiro, ela respira sem ajuda de ventilação mecânica, um marco importante em sua recuperação. No dia seguinte, a sedação foi completamente suspensa, permitindo uma avaliação mais clara de suas funções cognitivas e motoras.

Os sinais de interação com o ambiente reforçam a perspectiva de progresso contínuo. “Ela reconhece rostos, reage a comandos simples e demonstra sensibilidade preservada”, detalhou um dos neurocirurgiões envolvidos no caso.

A equipe multidisciplinar que monitora Juliana diariamente inclui especialistas em neurocirurgia, terapia intensiva e fisioterapia motora. Sob supervisão rigorosa, a jovem passou a utilizar uma traqueostomia para auxiliar a respiração, medida comum em pacientes críticos para garantir a proteção das vias aéreas enquanto o corpo se recupera.

O plano de reabilitação inclui estímulos psicomotores iniciais. Esse tipo de intervenção é fundamental para reduzir o risco de sequelas funcionais e acelerar o retorno gradual à normalidade. Segundo a direção do HMAPN, o ritmo do tratamento será determinado pela evolução clínica, com foco absoluto na segurança e bem-estar da paciente.

“A prioridade é a estabilidade. Não podemos apressar um processo tão delicado”, informou um dos representantes do hospital. A experiência com casos semelhantes mostra que cada resposta do organismo é única, e Juliana precisará de acompanhamento contínuo para garantir uma recuperação completa.

O incidente reacendeu discussões sobre o uso de força policial e o treinamento das forças de segurança no Brasil. Organizações de direitos humanos e a sociedade civil têm cobrado explicações e medidas preventivas para evitar tragédias semelhantes no futuro. A abordagem que levou ao disparo fatal está sob investigação, com depoimentos e imagens sendo analisados pelas autoridades competentes.

Enquanto isso, a história de Juliana tornou-se símbolo de resiliência em meio à adversidade. Seu progresso inspira esperança e mobiliza familiares, amigos e desconhecidos que acompanham o caso com solidariedade. Pelas redes sociais, mensagens de apoio continuam chegando, muitas pedindo justiça e mudanças nas políticas públicas de segurança.

O desfecho de sua jornada de recuperação ainda está por vir, mas os pequenos avanços diários acendem uma luz em tempos difíceis. Se a força do corpo se reconstrói lentamente, a força da vida — que não se apaga — resiste e persiste, mesmo sob as mais severas provações.