Justiça diz que suspeita de envenenar bolo pesquisou arsênio na internet

A tragédia que abalou uma família no Rio Grande do Sul no final de dezembro de 2024 ganhou novos desdobramentos com a prisão de Deise Moura dos Anjos, principal suspeita de envenenar um bolo que resultou na morte de três mulheres. Segundo informações divulgadas pela RBS TV, o Tribunal de Justiça do estado confirmou que Deise realizou buscas na internet sobre o uso da substância arsênio antes de preparar o bolo. Até mesmo no Google Shopping, foram identificadas pesquisas relacionadas ao termo “arsênio” e seus derivados.

O arsênio é um elemento químico tóxico que pode ser liberado no meio ambiente de forma natural ou por ação humana, sendo frequentemente associado à produção de pesticidas e outras substâncias perigosas. Apesar da gravidade do caso, a Polícia Civil ainda não revelou a motivação que levou a suspeita a cometer o crime.

A tragédia aconteceu no dia 23 de dezembro de 2024, quando três mulheres da mesma família perderam a vida após consumir o bolo envenenado. Outras três pessoas também ingeriram a sobremesa, mas sobreviveram, tornando o caso ainda mais complexo e revoltante. Segundo relatos, o episódio marcou profundamente a comunidade local, que ainda tenta lidar com o choque da perda.

Deise foi presa temporariamente no último domingo, 5 de janeiro de 2025, e está detida no Presídio Estadual Feminino de Torres. Ela responderá por triplo homicídio duplamente qualificado — por motivo fútil e uso de veneno — e tripla tentativa de homicídio com as mesmas qualificadoras. De acordo com a decisão judicial, a prisão temporária tem validade de 10 dias, período em que a polícia deverá concluir as investigações.

A linha do tempo do crime aponta que Deise planejou cuidadosamente seus atos, uma vez que as buscas online sobre arsênio sugerem premeditação. Especialistas explicam que o arsênio é uma substância de fácil acesso em certas aplicações industriais e agrícolas, mas seu uso como veneno requer um conhecimento básico sobre sua toxicidade e efeitos. Esse detalhe reforça a possibilidade de que o crime tenha sido deliberado.

O caso ganhou repercussão nacional e levantou debates sobre o acesso a informações sensíveis na internet e como elas podem ser usadas de forma criminosa. Apesar disso, é importante destacar que, até o momento, a defesa de Deise não se pronunciou publicamente sobre as acusações, e o processo está em andamento.

A comunidade local permanece abalada. Amigos e familiares das vítimas relataram a dor irreparável de perder entes queridos em um ato tão brutal e inesperado. Um vizinho da família, que preferiu não se identificar, contou que todos estavam reunidos para celebrar as festas de fim de ano, o que torna o crime ainda mais doloroso. “É uma coisa que ninguém consegue entender. Como alguém pode fazer algo assim em um momento de celebração?”, lamentou.

Enquanto isso, o trabalho da polícia continua. Os investigadores buscam esclarecer não apenas a motivação por trás do crime, mas também como a suspeita obteve a substância e se houve envolvimento de outras pessoas. A expectativa é que, com o encerramento do prazo de 10 dias, novas informações sejam divulgadas.

Este caso, infelizmente, reflete como atos de violência podem surgir de situações aparentemente comuns e como a confiança entre as pessoas pode ser abalada por ações tão extremas. Além disso, ele chama a atenção para a necessidade de um olhar mais atento às relações interpessoais e à saúde mental das pessoas, especialmente em períodos como o fim de ano, que podem ser emocionalmente desafiadores para muitos.

Com o avanço das investigações, espera-se que as famílias das vítimas possam encontrar algum conforto na justiça. Enquanto isso, o caso segue como um lembrete sombrio de que tragédias como essa podem surgir até nos contextos mais improváveis, alertando para a importância de promover empatia e cuidado no convívio social.