Uma cena triste marcou a rodovia MT-338, em Porto dos Gaúchos, interior de Mato Grosso, na última segunda-feira (06/01). Uma sucuri-verde, com cerca de cinco metros, foi atropelada e não resistiu. Para piorar, o animal estava grávido e expeliu cerca de 40 filhotes na pista, todos mortos. O caso, registrado em vídeo pelo pescador Ederson Negri Antonioli, gerou comoção nas redes sociais após ser compartilhado no Instagram.
Nas imagens, é possível ver a cobra já sem vida ao lado dos filhotes espalhados pelo asfalto. Segundo especialistas, a sucuri estava em um estágio avançado da gestação. O biólogo Henrique Abrahão Charles explicou que casos como esse não são raros em Mato Grosso, especialmente em regiões próximas a rios e áreas naturais.
Por que acidentes como este acontecem?
De acordo com o biólogo, sucuris costumam buscar locais quentes, como o asfalto, para regular a temperatura do corpo, principalmente após uma refeição. “É um comportamento comum entre serpentes. Elas aproveitam o calor das estradas para acelerar o metabolismo e, infelizmente, acabam se tornando vítimas de atropelamentos”, afirmou Charles.
A sucuri-verde, uma das maiores cobras do mundo, é conhecida por sua reprodução vivípara – ou seja, ela não bota ovos, mas carrega os filhotes dentro do corpo até o parto. O período de gestação dura entre seis e sete meses, podendo chegar a dez em condições especiais. Embora seja comum uma grande quantidade de filhotes por ninhada, poucos sobrevivem na natureza, seja por nascerem mortos ou por se tornarem presas de outros predadores.
A sucuri-verde: gigante sem veneno
Apesar de seu tamanho impressionante, a sucuri-verde não é venenosa. Ela utiliza a força muscular para capturar suas presas, como peixes, aves e mamíferos de médio porte. Esses animais, geralmente, habitam regiões ribeirinhas e são essenciais para o equilíbrio ecológico.
Podendo atingir até nove metros de comprimento e pesar cerca de 100 quilos, a sucuri é uma das maiores serpentes do planeta. No entanto, apesar de sua aparência intimidadora, raramente representam perigo para humanos, a menos que sejam ameaçadas. Nesses casos, podem usar uma mordida poderosa como mecanismo de defesa.
Elas preferem ambientes aquáticos, como rios e lagos, onde se deslocam com agilidade e conseguem se camuflar com facilidade. É justamente por essa ligação com a água que as sucuris não costumam ser vistas em áreas urbanas, o que torna a presença delas próxima a rodovias uma situação preocupante.
Impactos ambientais e ações necessárias
Casos como o da sucuri em Porto dos Gaúchos levantam discussões sobre os impactos das rodovias na fauna local. À medida que estradas cortam áreas naturais, aumenta o número de atropelamentos de animais silvestres, afetando tanto espécies comuns quanto aquelas ameaçadas de extinção.
Em nota, ambientalistas reforçaram a necessidade de medidas para proteger a fauna local, como a instalação de passagens subterrâneas ou aéreas para animais em áreas de grande circulação. Outro ponto destacado é a importância de sinalização específica alertando motoristas sobre a presença de fauna nas proximidades.
Além disso, campanhas de conscientização podem ajudar a reduzir os riscos, educando tanto moradores quanto visitantes sobre o comportamento das espécies e os cuidados necessários ao dirigir em regiões próximas a habitats naturais.
Repercussão nas redes sociais
Após o vídeo ser divulgado, internautas se dividiram entre lamentar o ocorrido e criticar a falta de proteção para animais silvestres. Alguns moradores da região relataram já ter visto sucuris e outros animais atropelados em trechos da MT-338.
A morte da sucuri grávida evidencia um problema recorrente em rodovias próximas a áreas de preservação. A cena dos filhotes expelidos reforça a urgência de ações que promovam a convivência entre o desenvolvimento humano e a preservação ambiental.
Embora o episódio seja lamentável, ele serve como alerta para que medidas concretas sejam adotadas, protegendo a rica biodiversidade brasileira e garantindo que tragédias como essa sejam cada vez mais raras.