Deise Moura dos Anjos, suspeita de ter colocado arsênio em um ingrediente do bolo que causou a morte de três pessoas de uma mesma família em Torres, no litoral norte do Rio Grande do Sul, afirmou à Polícia Civil que foi ao hospital visitar a sogra. Ela está presa desde o último domingo (5) e, de acordo com o g1, as investigações estão em andamento.
A história foi contada pelos jornalistas Adriana Irion e Humberto Trezzi, do jornal Zero Hora. Segundo os relatos, Deise teria visitado Zeli dos Anjos, uma das vítimas que sobreviveu ao envenenamento, no dia 26 de dezembro. Durante a visita, ela teria feito algumas perguntas sobre o preparo do bolo, questionando se a sogra tinha utilizado uvas passas e frutas cristalizadas. Segundo a versão de Deise, esses ingredientes estavam mal armazenados na geladeira da sogra e poderiam ter sido reaproveitados para o bolo.
Deise disse à polícia que se lembrou de perguntar sobre as uvas passas e as frutas cristalizadas durante o encontro no hospital de Torres. O depoimento traz um trecho que alega: “Que a interrogada tem essa certeza porque perguntou a Zeli ontem, dia 26/12/2024, no hospital de Torres, se ela usou a uva passa e as frutas cristalizadas”.
Outras informações, obtidas pela RBS TV, apontam que Deise levou alguns itens como água, suco e chocolate para a visita, mas os lacres dessas bebidas estavam rompidos, segundo quem acompanhava Zeli.
A mulher é investigada por triplo homicídio e por três tentativas de homicídio. Ela nega qualquer envolvimento nas mortes e, por meio da defesa, alega que as prisões temporárias têm “caráter investigativo” e que ainda há muitos detalhes que precisam ser esclarecidos.
Ao longo do depoimento, Deise também mencionou que, desde 2004, tinha um histórico de desavenças com a sogra, principalmente por questões de dinheiro. Ela ainda revelou que chamava Zeli de “Naja”, mas garantiu que nunca teve intenção de causar mal a ela ou a qualquer outra pessoa da família.
Em setembro de 2024, o marido de Zeli, Paulo Luiz dos Santos, morreu por intoxicação alimentar, mas, na época, a causa da morte não foi investigada, pois foi considerada natural. Após a morte de Paulo, Deise afirma que passou a pesquisar sobre venenos fatais, pois havia dúvidas sobre a causa da morte dele. Ela alegou que tinha um bom relacionamento com o sogro e que nunca suspeitou de algo mais sério. A polícia, com a recente descoberta do caso do bolo envenenado, abriu um inquérito e pediu a exumação do corpo de Paulo, que aconteceu na última quarta-feira (8). Porém, ainda não há um prazo definido para a conclusão dos exames.
No caso do falecimento de Paulo Luiz, ele teria ingerido café com leite em pó e bananas. Zeli também passou mal depois de consumir os mesmos alimentos. Alguns dias antes, em agosto, Deise e sua família, incluindo o marido e o filho, haviam ido visitar o casal e levaram produtos como leite em pó, farinha, bananas e até produtos de limpeza.
Uma perícia feita no celular de Deise revelou que ela fez várias buscas na internet, especificamente no dia 18 de novembro, por termos como “veneno para o coração” e “veneno para humanos”, e em outras ocasiões, por “arsênio”. Foram encontradas aproximadamente 100 pesquisas sobre o assunto.
O arsênio é um elemento químico presente na natureza e também pode ser liberado por atividades humanas. É utilizado em alguns pesticidas e pode causar sérios problemas à saúde, como intoxicação alimentar, reações alérgicas, câncer e até mesmo a morte em exposições prolongadas.
O caso está gerando grande repercussão e a polícia segue investigando para esclarecer todos os detalhes e descobrir o que realmente aconteceu com a família de Zeli.
