Perícia faz revelação após exumar corpo do sogro da suspeita de envenenar bolo

O Instituto-Geral de Perícias (IGP) confirmou um desfecho chocante: Paulo Luiz dos Anjos morreu em setembro de 2024 devido a envenenamento por arsênio. O caso, que parecia mais uma tragédia familiar, tomou novos rumos após a prisão de sua nora, Deise Moura dos Anjos. Atualmente detida sob acusação de envenenar um bolo de Natal que resultou na morte de três pessoas em Torres, Rio Grande do Sul, ela agora também é apontada como responsável pela morte de Paulo.

A confirmação de que ele foi envenenado veio após a exumação de seu corpo, realizada na última quarta-feira. Segundo o laudo pericial, níveis letais de arsênio foram detectados nos exames toxicológicos, indicando que o veneno foi ingerido por via oral. Essa revelação trouxe à tona novas questões sobre os eventos que antecederam sua morte.

Antes de falecer, Paulo recebeu uma visita de Deise, que levou alimentos como bananas e leite em pó para a casa dele e de sua esposa, Zeli dos Anjos. Agora, esses itens são vistos como peças centrais em um suposto plano de envenenamento.

A tragédia do Natal trouxe esse caso à luz de forma ainda mais trágica. Três pessoas morreram após consumir um bolo preparado por Zeli, que permanece hospitalizada devido ao envenenamento. As investigações que seguiram o episódio levaram a polícia a suspeitar que a morte de Paulo, meses antes, não havia sido acidental, o que resultou na exumação e nos testes laboratoriais.

Em pronunciamento oficial, a Polícia Civil informou que Deise foi identificada como a responsável pela aquisição e administração do arsênio com intenções homicidas. O padrão de comportamento e os detalhes das visitas que fez à casa dos sogros foram determinantes para ligar os dois casos.

Os investigadores notaram sinais preocupantes antes mesmo da morte de Paulo. No mês anterior, Deise visitou a família levando uma variedade de itens, incluindo flores, produtos de limpeza e alimentos. Naquele período, Zeli também relatou sintomas de mal-estar recorrente, mas o vínculo entre os eventos passou despercebido. Com a descoberta do arsênio no organismo de Paulo, essa sequência de acontecimentos passou a ser interpretada como uma possível série de tentativas de envenenamento.

A narrativa que emerge é de crimes cuidadosamente premeditados, onde o mesmo método foi aplicado em diferentes momentos. O uso de arsênio — um veneno conhecido por sua capacidade de causar sintomas que imitam doenças naturais — sugere uma intenção calculada para evitar suspeitas imediatas. Agora, com os laudos periciais em mãos, a investigação se aprofunda em busca de respostas sobre a extensão das ações de Deise.

O uso de veneno em crimes familiares não é um fenômeno novo, mas casos como esse chamam atenção pelo alto grau de planejamento. Em 2018, um incidente semelhante abalou a cidade de Maringá (PR), quando uma mulher envenenou o próprio marido com pequenas doses diárias de uma substância tóxica, alegando insatisfação com o relacionamento. Assim como agora, a descoberta do crime só ocorreu após análises toxicológicas detalhadas.

A complexidade desses casos destaca a importância de investigações criteriosas e da vigilância contra substâncias controladas. No Brasil, o acesso ilegal a venenos como o arsênio, usado em aplicações industriais, segue como um problema de saúde pública e segurança. A venda clandestina ainda é uma prática comum, facilitando o uso de químicos letais em crimes.

Agora, a prioridade das autoridades é conectar todas as pontas dessa tragédia em Torres. A descoberta da presença de arsênio no corpo de Paulo Luiz dos Anjos reforça o peso das acusações contra Deise Moura dos Anjos, que poderá enfrentar novas denúncias à medida que os investigadores reúnem provas. O desdobramento do caso promete lançar luz sobre um padrão de envenenamento que, se confirmado, revela uma sombria história de traição, ganância e morte dentro do próprio núcleo familiar.





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