Uma confraternização de Natal que deveria ser um momento de alegria e união se transformou em um verdadeiro pesadelo. Um bolo que parecia ser apenas uma sobremesa deliciosa virou um instrumento de morte. Três mulheres de uma mesma família perderam a vida depois de comerem o doce, que estava envenenado com arsênio. A responsável por preparar o bolo e um sobrinho-neto também foram vítimas e precisaram ser internados em um hospital, onde lutaram pela própria vida.
O que inicialmente parecia ser apenas uma intoxicação alimentar logo virou um caso criminal que expôs um drama familiar intenso. No centro da história está Deise Moura dos Anjos, que, curiosamente, era nora da mulher que preparou o bolo envenenado. A investigação logo apontou Deise como a principal suspeita. Ela estava sendo observada por sua obsessão em pesquisar sobre arsênio na internet, o que levou a polícia a suspeitar que o crime foi planejado.
A investigação, chamada de “Operação Acqua Toffana” (nome de um veneno utilizado no século XIX), revelou que Deise tinha um histórico de tentativas de homicídio, muitas vezes disfarçadas em envenenamentos. Ela parecia usar a manipulação para esconder suas ações e ainda semear discórdia dentro da família, o que tornava tudo ainda mais cruel.
A polícia foi mais fundo nas investigações e, por conta do envenenamento do bolo, pediu a exumação do corpo do sogro de Deise, que havia falecido meses antes de suposta intoxicação alimentar. A perícia confirmou que ele também foi envenenado com arsênio. O leite em pó, levado por Deise um dia antes da morte do sogro, foi identificado como a substância responsável pela morte dele. Isso fez os investigadores se perguntarem o que realmente estava por trás de tanta violência.
Uma das vítimas do bolo com arsênio era Zeli dos Anjos, que era sogra de Deise. Elas não se davam bem há muito tempo, principalmente por causa de uma dívida de R$ 600, que foi resolvida rapidamente. Zeli, com seus 60 anos, foi a única pessoa presente em todas as tentativas de envenenamento feitas por Deise. A polícia acredita que ela era o principal alvo da suspeita.
Uma criança de apenas 10 anos também foi envenenada. Ela é filha de uma das vítimas e sobreviveu ao envenenamento. Curiosamente, a criança não parecia ser o alvo de Deise, mas acabou sendo afetada porque comeu o bolo. Ele foi a primeira pessoa a ser liberada do hospital.
Maida Berenice Flores da Silva, de 59 anos, também foi uma vítima do bolo envenenado. Ela é irmã de Zeli e, apesar de não ser o alvo direto de Deise, acabou consumindo o bolo durante o café da tarde que levou à intoxicação da família. Até o momento, não há informações claras sobre os motivos de desentendimentos entre Maida e Deise.
Outra irmã de Zeli, Neuza Denize Silva dos Anjos, de 65 anos, também estava no grupo de vítimas. Ela também ingeriu o bolo e, segundo os investigadores, era mais uma pessoa que tinha desentendimentos com Deise. Esses desentendimentos se davam em grande parte pela antipatia de Deise por Tatiana Denize, filha de Neuza. As razões para essa rixa seriam relacionadas a um casamento de Tatiana, que Deise não aceitou de bom grado.
Tatiana Denize, prima de Deise, foi um dos exemplos mais marcantes de como as motivações de Deise eram fúteis. De acordo com as investigações, Deise ficou profundamente irritada porque Tatiana escolheu se casar na mesma igreja onde ela sempre sonhou realizar sua cerimônia. O fato de Tatiana ter casado antes dela e escolhido o mesmo lugar foi o suficiente para gerar um grande conflito.
Esse caso é um exemplo de como pequenas disputas e rancores podem levar a consequências extremamente graves. Tudo isso, em um cenário de festas de fim de ano, transformou-se em uma tragédia difícil de compreender. A busca por justiça continua, e a sociedade ainda se choca com a banalidade dos motivos que levaram Deise a cometer atos tão cruéis contra sua própria família.