Novas imagens capturadas por um espectador mostram o momento exato em que um jato privado Citation 525, fabricado pela Cessna, ultrapassa o limite da pista do aeroporto de Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, e termina em uma explosão na Praia do Cruzeiro. O acidente, ocorrido na manhã da última quinta-feira (9), deixou um rastro de destruição e reacendeu debates sobre segurança em pequenos aeródromos.
O impacto registrado
O vídeo, gravado por uma pessoa que estava posicionada fora do aeródromo, captura a aterrissagem da aeronave, que percorre quase toda a extensão da pista destinada a pousos e decolagens. No entanto, fica evidente que o espaço disponível não foi suficiente para que o avião parasse a tempo.
Após invadir a área gramada ao final da pista, o Citation 525 rompe um alambrado e explode ao atingir a praia. A intensidade do fogo foi assustadora, e ainda não se sabe se houve falha no sistema de freios ou outro problema técnico que tenha contribuído para o desastre.
Detalhes do acidente
O jato particular, fabricado em 2008 pela empresa norte-americana Cessna Aircraft, pertencia à família Fries, tradicional no setor agropecuário de Goiás. No momento do acidente, estavam a bordo Mireylle Fries, seu marido Bruno Almeida Souza, e os dois filhos do casal, Lucca e Aila Fries Almeida. Apesar da gravidade do impacto, os quatro sobreviveram ao acidente.
Infelizmente, o piloto da aeronave, Paulo Seghetto, não resistiu e morreu no local. Ele era conhecido por sua vasta experiência na aviação executiva, o que torna o acidente ainda mais intrigante.
Além dos ocupantes do avião, uma pessoa que estava na praia, a professora Rosana Maria Alves Vieira, de 59 anos, também foi atingida. Rosana sofreu queimaduras graves e fraturas expostas no pé e na perna, causadas por destroços da aeronave. Atualmente, ela está internada, mas seu estado de saúde é considerado estável e fora de perigo.
Repercussão e investigação
A tragédia gerou grande comoção em Ubatuba, uma das cidades litorâneas mais visitadas de São Paulo. Muitos moradores e turistas estavam próximos ao local na hora do acidente, e vídeos do momento se espalharam rapidamente pelas redes sociais, gerando indignação e perguntas sobre as condições do aeroporto.
O aeroporto de Ubatuba, onde o acidente aconteceu, é pequeno e opera com pistas de curta extensão, o que exige maior precisão e preparo das aeronaves que pousam e decolam ali. Especialistas em aviação apontam que esse tipo de aeródromo pode não ser adequado para certos modelos de jatos executivos, como o Citation 525, que demanda mais espaço para frenagem.
A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) já abriu uma investigação para apurar as causas do acidente. Entre os fatores em análise estão as condições meteorológicas, possíveis falhas mecânicas e a infraestrutura do aeroporto.
Um misto de sorte e perda
Embora seja uma tragédia marcante, o fato de a família Fries ter sobrevivido é considerado um milagre por muitos. O relato de testemunhas indica que os ocupantes foram rapidamente resgatados por banhistas e moradores que estavam próximos à Praia do Cruzeiro.
Já a perda do piloto, Paulo Seghetto, foi lamentada por amigos e colegas da aviação. Ele era descrito como um profissional dedicado, com ampla experiência em aeronaves do tipo. Sua morte deixa uma lacuna no setor e na vida daqueles que conviviam com ele.
Reflexões sobre segurança e infraestrutura
Esse acidente trouxe à tona discussões importantes sobre a segurança em pequenos aeroportos, que muitas vezes não têm infraestrutura adequada para aeronaves maiores. Apesar de ser comum que jatos particulares operem nesses locais, é preciso reavaliar protocolos e condições para evitar tragédias futuras.
Além disso, a proximidade entre o aeroporto e áreas públicas, como a Praia do Cruzeiro, levanta questões sobre o risco de acidentes envolvendo moradores e turistas. Afinal, embora casos como esse sejam raros, os impactos podem ser devastadores quando ocorrem.
Solidariedade e um alerta necessário
A cidade de Ubatuba, marcada pela dor dessa tragédia, também mostrou sua solidariedade. Amigos e familiares das vítimas receberam apoio, e campanhas locais estão sendo organizadas para ajudar a professora Rosana, que enfrenta um longo processo de recuperação.
Essa tragédia serve como um alerta sobre a importância de reforçar as normas de segurança na aviação e a necessidade de infraestrutura adequada nos aeroportos brasileiros. Que episódios como esse não sejam apenas lembrados como desastres, mas também como um ponto de partida para melhorias concretas.