Novos exames trouxeram à tona mais indícios contra Deise Moura dos Anjos, presa pela morte de três familiares que consumiram um bolo envenenado na antevéspera do Natal, em Torres, no Rio Grande do Sul. Os resultados laboratoriais detectaram resíduos de arsênio na urina do marido e do filho de Deise, reforçando as suspeitas de que as tentativas de envenenamento não começaram no episódio do doce, mas ocorreram anteriormente.
Relações conturbadas e motivações suspeitas
Deise é acusada de ter colocado arsênico – um veneno altamente tóxico – no bolo consumido pelos familiares. Segundo as investigações, a relação de Deise com as vítimas era marcada por conflitos, especialmente com a sogra, Zeli Teresinha dos Anjos, que sobreviveu à ingestão do doce contaminado. Zeli, confeiteira que preparou o bolo, foi uma das três pessoas que conseguiram escapar com vida após o envenenamento.
A polícia também aponta que o sogro de Deise, Paulo, pode ter sido mais uma de suas vítimas. A exumação do corpo de Paulo revelou traços de arsênio, supostamente misturado a um café com leite em pó servido pela nora antes de sua morte.
Pesquisas suspeitas e aquisição do veneno
Deise tornou-se o principal alvo das investigações após a análise de seu celular, que mostrou buscas relacionadas a “veneno para matar humanos” e “arsênio”. Além disso, ficou comprovado que ela adquiriu arsênico pela internet. Segundo os policiais, o produto teria sido misturado ao bolo que causou as mortes.
Além dos três homicídios confirmados, a polícia trabalha com a hipótese de que Deise pode ser responsável por uma quarta morte – a do sogro Paulo – e, agora, investiga outras tentativas de envenenamento.
Tentativas de envenenamento contra marido e filho
Os exames realizados no marido de Deise, Diego, e no filho do casal, de 10 anos, trouxeram novos desdobramentos ao caso. Em outubro do ano passado, Diego apresentou sintomas de intoxicação alimentar. Dois meses depois, tanto ele quanto o filho passaram mal após ingerirem suco de manga. A desconfiança de que ambos poderiam ter sido envenenados levou os policiais a solicitarem análises mais detalhadas.
O material coletado foi enviado para um laboratório do Ministério da Agricultura, que confirmou a presença de resíduos de arsênio na urina dos dois. Com esses resultados, a Polícia Civil acrescentou à lista de acusações contra Deise cinco tentativas de homicídio, além dos quatro já investigados.
Possível atuação como serial killer
Diante das evidências acumuladas, os investigadores não descartam a possibilidade de que Deise Moura dos Anjos possa ser uma serial killer. O histórico de mortes e envenenamentos ligados a ela levanta questionamentos sobre sua motivação e frieza ao agir contra membros da própria família.
O delegado responsável pelo caso afirmou que a investigação está sendo ampliada para identificar possíveis outras vítimas e circunstâncias que possam confirmar essa hipótese.
Uma trama que chocou a cidade
O caso abalou a cidade de Torres e trouxe à tona discussões sobre convivência familiar e o uso de venenos letais em crimes premeditados. A substância utilizada, o arsênio, é conhecida por sua alta toxicidade e pela dificuldade em ser detectada sem exames específicos. No Brasil, o uso desse veneno tem sido associado a crimes que envolvem planejamento meticuloso.
Com a prisão de Deise, as autoridades agora buscam compreender o que levou uma mulher a cometer atos tão extremos. Para muitos, a revelação de novos detalhes só aumenta a complexidade desse caso, que já é considerado um dos mais chocantes do estado.
Desdobramentos
Enquanto o processo avança, a comunidade de Torres permanece impactada pela tragédia e pelas revelações sombrias. A defesa de Deise ainda não se pronunciou sobre as acusações mais recentes, mas os investigadores seguem confiantes de que as provas coletadas até agora são suficientes para sustentar as acusações.
O caso, além de trágico, levanta reflexões sobre a convivência familiar e os perigos ocultos que podem surgir nas relações mais próximas.