Piloto que sobreviveu aponta o que pode ter contribuído para queda de helicóptero em SP

O trágico acidente de helicóptero ocorrido na Grande São Paulo na última quinta-feira (16) chamou atenção para os riscos associados a voos em condições climáticas adversas. A tragédia resultou na morte de duas pessoas e levantou questões sobre a segurança das operações aéreas em situações de baixa visibilidade e mau tempo.

O helicóptero, um Eurocopter EC130, partiu às 19h16 do Helicidade, localizado no Jaguaré, com destino a Americana. O tempo estava fechado e a visibilidade reduzida, condições que se agravaram durante o voo. O último registro do GPS foi às 20h34. A bordo estavam André Feldman, CEO de uma empresa de apostas online, sua esposa Juliana, sua filha Bethina, de 12 anos, e o piloto Edenilson de Oliveira. André e Juliana não resistiram aos ferimentos, enquanto Bethina e Edenilson sobreviveram.

O que pode ter causado o acidente?

De acordo com Edenilson, o mau tempo contribuiu diretamente para sua desorientação durante o voo. Essa condição, conhecida como desorientação espacial, foi explicada pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) como uma situação em que o piloto perde a noção correta da posição da aeronave. Isso pode levar a decisões equivocadas que culminam em acidentes.

Décio Corrêa, presidente do Fórum Brasileiro de Transporte Aéreo, destacou a importância de investigar as condições climáticas no momento do acidente. “O fator meteorológico é de altíssima relevância. Por que o helicóptero decolou à noite, com a cidade em estado de atenção?”, questionou. Ele ressaltou que fatores como chuva intensa, teto baixo e formação de nuvens severas podem inviabilizar tanto o voo visual quanto o por instrumentos.

Sobrevivência: um caso de física e sorte

Gerardo Portela, especialista em gerenciamento de riscos, afirmou que as chances de sobrevivência em acidentes desse tipo dependem da energia acumulada pela aeronave no momento do impacto. Segundo ele, uma baixa velocidade ou altitude pode reduzir os danos, aumentando a probabilidade de salvar vidas. Esse parece ter sido o caso de Edenilson e Bethina, que escaparam com vida, mesmo diante da gravidade do acidente.

O helicóptero caiu a apenas 150 metros da Rodovia dos Bandeirantes. Segundo especialistas, a distância é intrigante, já que a aeronave deveria ser capaz de realizar um pouso de emergência em situações controladas. A hipótese é que o voo estivesse em baixa altitude, dificultando a manobra.

Impacto na família Feldman

A tragédia abalou a família Feldman. André Feldman, que além de CEO era sócio de uma empresa de aviação, estava com Juliana e a filha mais velha no voo. O casal tinha três filhos, incluindo um par de gêmeos de apenas nove anos. A família residia em Nova Odessa, no interior paulista, a cerca de 130 km da capital.

Juliana, formada em economia pela Fundação Armando Alvares Penteado, também era empresária. André, por sua vez, estava à frente da Big Brazil International Games, que opera a marca Caesars Sportsbook no Brasil, uma das maiores no mercado de apostas online.

Um acidente em contexto crítico

No momento do acidente, São Paulo enfrentava chuvas intensas. O Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas havia colocado a capital em estado de atenção para alagamentos, uma indicação clara de que as condições climáticas eram adversas.

Além do piloto Edenilson e da filha do casal, as equipes de resgate, incluindo bombeiros, a Defesa Civil e helicópteros da Polícia Militar e da Força Aérea Brasileira (FAB), trabalharam intensamente na operação. Agora, cabe ao Cenipa investigar o que exatamente levou ao acidente.

Reflexões sobre segurança aérea

Casos como este reforçam a necessidade de reavaliar protocolos de segurança em voos sob condições meteorológicas críticas. Para Décio Corrêa, acidentes poderiam ser evitados com maior rigor na análise de viabilidade de decolagens. “O fator humano, aliado à manutenção e às condições operacionais, precisa ser considerado com extrema seriedade”, comentou.

O acidente, além de trazer perdas irreparáveis para a família Feldman, coloca em evidência a responsabilidade de pilotos e operadores em garantir que voos ocorram somente em condições seguras. Mesmo com tecnologias avançadas, fatores como clima adverso ainda desafiam os limites da aviação.



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