Corpos de pai e filha são encontrados após ficarem soterrados em Manaus

Após quase dez horas de buscas incessantes, as operações de resgate chegaram a um desfecho trágico na manhã de domingo, 19 de janeiro, em Manaus. Jeferson Araújo, de 30 anos, e sua filha Ester Amorim, de apenas 8, foram encontrados sem vida sob os escombros da casa onde viviam, vítimas de um deslizamento de terra causado pelas fortes chuvas que atingiram a região.

A tragédia abalou profundamente a comunidade. A força do deslizamento atingiu duas casas na encosta de um barranco, deixando vítimas fatais e feridos. Segundo o comandante José Mendes, que liderou as operações de resgate, a cena encontrada nos escombros foi de partir o coração. “Pai e filha estavam abraçados quando os localizamos. É algo que marca a todos nós que trabalhamos aqui. Essas são as histórias que levamos para sempre”, declarou Mendes, com a voz embargada.

O deslizamento, conforme relatos preliminares, foi agravado por uma ligação clandestina de água que comprometeu a estabilidade do solo. “O acúmulo de água no terreno, combinado com a chuva intensa, gerou uma pressão insustentável, resultando no desmoronamento”, explicou o comandante.

Sobreviventes e Feridos

Jhuliana Amorim, de 27 anos, companheira de Jeferson e mãe da pequena Ester, foi uma das sobreviventes. No entanto, seu quadro é grave. Ela perdeu a perna direita e permanece internada sob cuidados intensivos. Ao seu lado no momento do acidente estava Mateus Amorim, de 16 anos, irmão de Jhuliana, que também precisou de atendimento médico, mas já foi liberado.

Além deles, outras três pessoas sofreram ferimentos no deslizamento. Entre os feridos estavam uma menina de 13 anos, um menino de 6 e um jovem de 19, que receberam cuidados médicos e foram liberados em seguida. A comunidade local, unida em solidariedade, tem prestado apoio às famílias atingidas.

Mobilização de Forças e Resposta Oficial

A operação de resgate mobilizou 58 bombeiros altamente treinados, incluindo equipes especializadas em resgates de difícil acesso e cães farejadores. O trabalho árduo e arriscado foi reconhecido pelo prefeito Renato Junior, que esteve no local do desastre e expressou condolências às famílias. O prefeito também afirmou que será aberta uma investigação para apurar as causas do acidente. “Ligação irregular de água é um problema recorrente em áreas de risco. Precisamos de ações mais firmes para evitar novas tragédias”, destacou.

Em um gesto de respeito e solidariedade, a prefeitura declarou luto oficial de três dias. “Não podemos devolver as vidas que se perderam, mas podemos honrar sua memória com ações que impeçam futuras perdas”, afirmou o prefeito, reiterando o compromisso de realocar famílias em áreas vulneráveis.

Reflexão e Esperança

Enquanto a cidade ainda digere o impacto dessa tragédia, moradores e autoridades se unem para buscar soluções que protejam a população de novos desastres. Chuvas intensas são comuns na região amazônica, e a falta de infraestrutura adequada aumenta o risco de deslizamentos, especialmente em áreas de ocupação irregular.

O deslizamento que ceifou a vida de Jeferson e Ester é mais uma lembrança dolorosa da necessidade urgente de políticas habitacionais sustentáveis. À medida que as investigações prosseguem, as lições desse desastre precisam ser transformadas em ações concretas para que nenhuma família mais tenha que passar por tamanho sofrimento.

Por agora, resta o luto e a solidariedade. O abraço de pai e filha, congelado no tempo e no barro, ecoa como um símbolo de amor eterno em meio à devastação. A cidade chora, mas também se fortalece, buscando reconstruir não apenas as casas, mas a segurança e a dignidade de quem mais precisa.



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