A ex-deputada federal Flordelis, que cumpre pena de 50 anos pelo assassinato do marido, tenta conseguir na Justiça uma permissão especial para deixar a Penitenciária Talavera Bruce, em Bangu, Rio de Janeiro. O objetivo é comparecer ao enterro de Gabriella dos Santos de Souza, uma de suas filhas adotivas, encontrada morta na madrugada desta quarta-feira (22/1). O caso envolve suspeitas de feminicídio, mas ainda está cercado de incertezas.
O que aconteceu?
Gabriella, de 25 anos, foi encontrada sem vida em uma estrada no bairro Pacheco, em São Gonçalo (RJ). Segundo o atestado de óbito, a causa oficial da morte foi parada cardiorrespiratória súbita. No entanto, as circunstâncias levantam dúvidas, e a possibilidade de feminicídio não está descartada. A polícia ainda não concluiu a investigação, mas o caso acendeu o alerta sobre a violência contra mulheres, um problema recorrente no Brasil.
Adotada por Flordelis quando ainda era bebê, Gabriella teve sua vida interrompida de forma trágica, deixando amigos e familiares em choque. O enterro está previsto para esta quinta-feira (23/1), mas o horário e local ainda não foram oficialmente divulgados.
Pedido na Justiça
A advogada de Flordelis, Janira Rocha, informou que já entrou com um pedido para que a ex-deputada possa sair temporariamente da prisão e se despedir da filha. Segundo ela, Flordelis ficou profundamente abalada com a notícia da morte e viveu momentos de desespero dentro da penitenciária. “Ela teve um breve ataque de pânico, ficou sem ar por alguns segundos, mas tentou manter a calma”, relatou a advogada.
Janira também demonstrou preocupação com a possibilidade de a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) não cumprir a autorização, caso a Justiça conceda o pedido. “Infelizmente, isso pode acontecer sob a justificativa de falta de estrutura para transportá-la”, comentou.
O caso reacende debates sobre os direitos de detentos em situações familiares graves. A legislação brasileira prevê que presos têm direito a saídas temporárias em casos como funerais de parentes próximos, mas, na prática, a autorização nem sempre é simples, principalmente quando envolve figuras públicas.
Flordelis: um passado marcado por polêmicas
Flordelis, que era conhecida nacionalmente como pastora evangélica e deputada, caiu em desgraça após ser condenada por planejar o assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo, em 2019. O crime ganhou grande repercussão e revelou um lado sombrio de uma figura que, até então, era vista como um símbolo de fé e generosidade.
Desde sua prisão, em agosto de 2021, Flordelis vem tentando manter algum contato com seus filhos e seguidores. Apesar disso, o caso abalou profundamente sua imagem e a confiança de muitos que a acompanhavam.
A morte de Gabriella é mais um episódio doloroso em uma história já marcada por tragédias. Para Flordelis, trata-se não apenas de um luto, mas também de uma oportunidade de refletir sobre as relações familiares que, de alguma forma, foram desestruturadas ao longo dos anos.
Feminicídio: um problema urgente
Enquanto o caso de Gabriella ainda está sendo investigado, o feminicídio permanece como uma das maiores crises sociais no Brasil. De acordo com dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, uma mulher é vítima de feminicídio a cada sete horas no país. Essas estatísticas reforçam a urgência de políticas públicas voltadas para a proteção das mulheres e a punição rigorosa de agressores.
A morte de Gabriella coloca em evidência não apenas os dramas pessoais da família de Flordelis, mas também uma questão muito maior que atinge milhares de mulheres e suas famílias. A luta contra a violência de gênero precisa ser uma prioridade, não apenas nas investigações policiais, mas também na conscientização da sociedade.
O desfecho do pedido
Até o momento, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro ainda não se pronunciou sobre o pedido de Flordelis. Enquanto isso, a advogada aguarda ansiosamente pela decisão, torcendo para que a ex-deputada possa se despedir da filha.
Independentemente do desfecho, o caso de Gabriella é um lembrete doloroso das fragilidades humanas e dos desafios que cercam questões familiares, legais e sociais. Entre tragédias e polêmicas, o que resta agora é o luto e a busca por respostas – tanto para a família quanto para a sociedade.