O caso que abalou a cidade do Piauí ganhou mais desdobramentos na última sexta-feira (31/1), quando a Polícia Civil prendeu Maria dos Aflitos Silva, matriarca de uma família que virou notícia após um envenenamento que matou filhos e netos. Além de ser responsável pelas mortes dos próprios familiares, Maria também confessou ter sido a autora do assassinato de uma vizinha, a Maria Jocilene. O motivo? Segundo a polícia, ela queria livrar o marido, Francisco de Assis, que já estava preso e era o principal suspeito do envenenamento da família.
De acordo com a investigação, Maria dos Aflitos e Maria Jocilene tinham um relacionamento que não era segredo para ninguém. As duas já eram bem conhecidas na região, e o envolvimento delas era algo discreto, mas de conhecimento geral. Para quem conhecia a história, parecia mais um daqueles casos complicados, mas que, ao mesmo tempo, se desenrolam de forma meio natural. Mas o caso tomou proporções maiores com a descoberta do envenenamento, um enredo que mais parece ficção, mas que, infelizmente, era bem real.
Maria Jocilene, por sua vez, não era só uma simples vizinha. Ela fazia parte da rotina da família de Maria dos Aflitos, ajudando com alimentação e medicamentos. Dizem que, até quando dois netos de Maria dos Aflitos foram envenenados, a vizinha acompanhou as crianças no hospital. Era uma mulher preocupada com a família e, de certa forma, ligada aos acontecimentos da casa. Porém, o que parecia ser uma relação de amizade e apoio se transformou em uma tragédia. A motivação para as mortes, segundo a polícia, não foi o relacionamento amoroso entre as duas, mas sim uma questão financeira. A matriarca e o marido viviam numa situação de muita pobreza, e em uma casa apertada, onde moravam 11 pessoas.
Foi no dia 22 de janeiro que Maria Jocilene fez a última visita à casa de Maria dos Aflitos. Ela já havia sido envenenada antes, no dia 1º de janeiro, com um arroz envenenado, mas havia se recuperado. Contudo, na visita, ela foi atraída para um café que acabou sendo envenenado, exatamente com o mesmo veneno que matou os outros membros da família. A vizinha acabou tomando o café e, após beber também água da mesma taça, sentiu os efeitos logo em seguida. De acordo com relatos, ela começou a passar mal ali mesmo, na casa onde os crimes ocorreram.
No começo, a matriarca disse à polícia que Maria Jocilene havia infartado, mas logo depois, em depoimento, confessou ter sido ela a responsável pela morte. Maria dos Aflitos, em sua versão, alegou que estava “cega de amor” por Francisco de Assis e que, na tentativa de livrá-lo da prisão, tomou essa atitude drástica. No fim, Maria Jocilene não resistiu e morreu no hospital, após ficar internada em estado grave por dois dias. Sua morte foi confirmada em 24 de janeiro, e foi ali que a história tomou um rumo que ninguém imaginava.
A história toda parece saída de um roteiro, mas a realidade foi ainda mais chocante. O desespero de Maria dos Aflitos para salvar o marido levou a esse desfecho trágico. O delegado Abimael Silva, que comandou a investigação, revelou que o plano da matriarca era que Maria Jocilene não morresse ali, mas devido a um contratempo com o mototáxi da vítima, que demorou para chegar, o plano acabou falhando. E foi assim que a vizinha de Maria dos Aflitos, alguém que sempre se preocupou com a família dela, acabou se tornando mais uma vítima de uma trama que parecia impossível de acontecer na vida real.