Hoje pela manhã, uma tragédia abalou a região da Marginal Tietê, em São Paulo. Um avião de pequeno porte caiu nas proximidades de locais bastante conhecidos, como o Allianz Parque e os centros de treinamento do São Paulo e do Palmeiras. O acidente deixou duas vítimas fatais – o empresário gaúcho e advogado Márcio Louzada Carpena, dono da aeronave, e o piloto Gustavo Medeiros – além de ferir outras seis pessoas que estavam nas redondezas.
Quem eram as vítimas?
Márcio, que era conhecido tanto no meio jurídico quanto empresarial no Rio Grande do Sul, chegou a postar fotos do avião no Instagram minutos antes do acidente. A confirmação de sua morte veio pela OAB-RS (Ordem dos Advogados do Brasil no Rio Grande do Sul), enquanto a identidade do piloto foi revelada por um amigo próximo de Márcio. Ambos estavam a bordo do King Air, modelo fabricado em 1981 e registrado com a matrícula PSFEM. A aeronave havia mudado de dono recentemente, em dezembro de 2024, mas não tinha autorização para operar como táxi aéreo, de acordo com a Anac.
Como aconteceu o acidente?
A queda ocorreu por volta das 7h18, logo após a decolagem no Campo de Marte, um dos aeroportos mais movimentados de São Paulo. O avião caiu próximo ao condomínio Jardim das Perdizes, na esquina com a Avenida Pompeia, arrancando árvores, placas de trânsito e atingindo a traseira de um ônibus que estava parado para embarque e desembarque de passageiros na Praça José Vieira de Carvalho Mesquita. Esse ônibus fazia a linha 8500 Terminal Pirituba-Barra Funda e, por sorte, estava com poucos passageiros a bordo no momento do impacto.
Uma testemunha, o personal trainer Adriano Molina, relatou que o piloto tentou pousar a aeronave. Segundo ele, o avião se arrastou pela avenida antes de explodir ao bater no ônibus. “Foi muito rápido. Vi gente saindo do ônibus pela porta da frente, em pânico”, disse Molina.
Os feridos e o impacto local
Seis pessoas ficaram feridas no acidente. Entre elas, o motorista do ônibus, que está em estado de choque e foi afastado de suas funções pela empresa. Uma idosa que estava dentro do veículo bateu a cabeça e precisou de atendimento por conta de um corte, enquanto um motociclista foi atingido por uma das placas derrubadas. Outras três pessoas também sofreram ferimentos leves. O Corpo de Bombeiros, representado pelo médico Kléber Vitor Santos, foi rápido no socorro e destacou a gravidade da situação.
Por que o avião caiu?
Embora a investigação oficial ainda esteja em andamento, as primeiras análises apontam para uma falha mecânica. Daniel Kalazans, perito aeronáutico e forense, explicou ao UOL News que o local de decolagem – o Campo de Marte – apresenta desafios específicos. “Tudo indica uma falha técnica. O piloto tentou retornar, provavelmente para o próprio Campo de Marte, mas não conseguiu. A região é complicada para um pouso forçado, com postes, árvores e fios de alta tensão dificultando qualquer manobra”, afirmou Kalazans.
Essa situação traz à tona um debate recorrente sobre a segurança de aeronaves de pequeno porte e os riscos envolvidos em operações desse tipo. O fato de a aeronave estar com sua certificação em dia não elimina a possibilidade de problemas mecânicos inesperados. Especialistas destacam que, embora os pilotos sejam treinados para situações de emergência, nem sempre há tempo ou espaço suficiente para agir.
Repercussão e tristeza
A tragédia chocou não apenas quem presenciou a cena, mas também amigos e familiares das vítimas. Nas redes sociais, colegas de Márcio Louzada prestaram homenagens, lembrando sua dedicação à advocacia e ao empreendedorismo. Já no local do acidente, curiosos e moradores da região expressaram preocupação com a proximidade de áreas urbanas a rotas aéreas movimentadas.
Esse acidente serve como um lembrete sombrio dos riscos que ainda existem no transporte aéreo, especialmente em contextos urbanos. Enquanto a dor das perdas ainda é sentida, o caso reforça a importância de continuar investigando maneiras de melhorar a segurança para evitar que tragédias como essa se repitam.