O cigarro eletrônico pode até parecer uma alternativa moderna e inofensiva ao tabagismo, mas a realidade tem se mostrado bem diferente. Embora os danos causados pelo cigarro convencional sejam amplamente documentados, os efeitos dos vapes ainda estão sendo investigados pela ciência – e as descobertas iniciais são alarmantes.
Um vídeo educativo do canal The Infographics Show, no YouTube, trouxe uma simulação detalhada do impacto dos componentes químicos dos cigarros eletrônicos no organismo. O que se revelou foi uma jornada preocupante pelo sistema respiratório, com efeitos que muitos usuários sequer imaginam.
O que acontece no corpo após uma tragada?
A simulação mostra que, ao inalar o vapor do vape, substâncias como propilenoglicol, glicerina e aromatizantes entram diretamente nos pulmões. Essas partículas químicas se depositam no muco que reveste os alvéolos pulmonares, essenciais para a troca de oxigênio. O problema surge quando essas substâncias começam a interferir no funcionamento dos cílios – pequenas estruturas responsáveis por limpar as impurezas do sistema respiratório.
Quando os cílios param de funcionar corretamente, o pulmão fica vulnerável a infecções. É como se um prédio tivesse seu sistema de segurança desativado, deixando a entrada livre para qualquer ameaça. Segundo especialistas, a recuperação dos cílios pode levar semanas, mas, em usuários frequentes, os danos podem ser permanentes.
Casos extremos mostram os riscos reais
Nos Estados Unidos, há registros de pacientes que tiveram complicações graves pelo uso excessivo de vape. Um dos casos mais chocantes foi o de um homem que, devido à dependência do dispositivo, teve apenas 1% de chance de sobrevivência após desenvolver uma doença pulmonar severa.
Outro exemplo que ganhou repercussão internacional foi o de uma adolescente de 17 anos que precisou remover parte do pulmão após consumir o equivalente a 400 cigarros tradicionais por semana através de cigarros eletrônicos. Essas histórias reforçam um alerta importante: mesmo sem a fumaça do tabaco convencional, o vape pode causar estragos irreversíveis no organismo.
O perigo da nicotina e o apelo para jovens
Grande parte dos líquidos utilizados nos dispositivos contém nicotina, uma substância altamente viciante. Ao ser inalada, ela estimula a liberação de dopamina no cérebro, criando um ciclo de dependência semelhante ao do cigarro tradicional.
Além disso, os sabores artificiais — que vão desde frutas tropicais até doces e menta — tornam o produto ainda mais atraente para adolescentes. Um levantamento de 2023 do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) revelou que 4,6% dos estudantes de 11 a 14 anos e 10% dos jovens de 14 a 18 anos já experimentaram cigarros eletrônicos. Isso significa que mais de 2 milhões de adolescentes americanos já foram expostos aos riscos do vape.
Pesquisas revelam os impactos no organismo
Com o aumento do número de usuários, cientistas têm intensificado os estudos sobre os impactos do cigarro eletrônico. Um artigo publicado recentemente no Journal of Nuclear Medicine comparou a inflamação pulmonar entre usuários de vape e pessoas que nunca fumaram. Os resultados apontaram que os dispositivos eletrônicos estão associados a processos inflamatórios que podem desencadear doenças respiratórias.
Dificuldade para respirar, chiado no peito e dores torácicas já são sintomas relatados por quem usa esses dispositivos com frequência. No entanto, muitas pessoas ainda subestimam os perigos, acreditando que os cigarros eletrônicos são uma alternativa “mais segura” ao tabaco tradicional.
O que dizem os especialistas?
O Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS) reconhece que, embora os vapes sejam menos prejudiciais do que os cigarros convencionais, eles não são isentos de riscos. Um dos principais problemas está na falta de regulamentação rigorosa em diversos países, permitindo que produtos com fórmulas desconhecidas sejam vendidos livremente.
Enquanto a ciência continua estudando os efeitos de longo prazo do vape, médicos alertam que cada tragada equivale a um experimento químico não testado. E, como já apontam as primeiras evidências, o organismo — principalmente os pulmões — pode pagar um preço alto por esse hábito.