Um novo estudo publicado nesta semana na revista Cell Reports Medicine trouxe descobertas surpreendentes sobre como o ritmo do intestino pode impactar a saúde, mesmo em pessoas consideradas saudáveis. Segundo os pesquisadores, tanto a constipação quanto a diarreia podem estar ligadas a mudanças na microbiota intestinal e no metabolismo do sangue, fatores que, por sua vez, podem afetar o funcionamento dos rins e do fígado.
O que os cientistas investigaram?
A pesquisa foi conduzida pelo Instituto de Biologia de Sistemas, em Seattle, nos Estados Unidos. Os especialistas analisaram dados de 1.425 adultos saudáveis para entender de que forma a frequência das evacuações influencia a flora intestinal, os metabólitos sanguíneos e a saúde dos órgãos.
Os participantes foram divididos em quatro grupos com base no número de evacuações por semana:
• Constipação (menos de três vezes por semana);
• Baixa normal (entre três e seis vezes por semana);
• Alta normal (de uma a três vezes por dia);
• Diarreia (mais de quatro vezes por dia).
Com essas informações, os pesquisadores conseguiram traçar um panorama detalhado da relação entre os hábitos intestinais e possíveis riscos à saúde.
Principais descobertas do estudo
Problemas renais e constipação
Pessoas que sofrem com prisão de ventre apresentaram níveis elevados de um metabólito tóxico chamado sulfato de indoxil (3-IS), produzido no intestino durante a digestão de proteínas. O problema? Esse composto está diretamente associado à redução da função renal, medida pela taxa de filtração glomerular (eGFR).
Além disso, os pesquisadores observaram que indivíduos com evacuações pouco frequentes têm maior propensão a desenvolver doenças renais crônicas e até neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson.
Diarreia e desequilíbrio da microbiota
Por outro lado, quem sofre de diarreia pode estar enfrentando outro tipo de desafio: um intestino com menor diversidade microbiana. Isso significa que essas pessoas ficam mais vulneráveis a infecções intestinais e processos inflamatórios, já que uma microbiota menos diversificada pode comprometer a barreira de defesa natural do organismo.
Impacto no fígado
O estudo também encontrou uma relação entre alterações na frequência das evacuações e a produção de toxinas microbianas que afetam a saúde hepática. Isso indica que um intestino desregulado pode estar enviando sinais de alerta sobre possíveis problemas futuros no fígado.
O papel da alimentação e do estilo de vida
Além das análises laboratoriais, os pesquisadores destacaram a influência da alimentação e do estilo de vida sobre a frequência das evacuações. Entre os principais achados:
• Dietas ricas em fibras, com alto consumo de frutas, vegetais e grãos integrais, ajudam a manter um ritmo intestinal equilibrado.
• Baixa ingestão de fibras pode aumentar o risco de constipação.
• Histórico de depressão também foi associado, em menor grau, a quadros de prisão de ventre.
Por que essas descobertas são importantes?
Os cientistas sugerem que alterações na frequência intestinal podem ser indicadores precoces de doenças crônicas relacionadas ao envelhecimento, como insuficiência renal e problemas hepáticos. Além disso, o acúmulo de toxinas microbianas no sangue pode causar danos aos órgãos ao longo do tempo, mesmo em pessoas aparentemente saudáveis.
Ou seja, prestar atenção aos hábitos intestinais pode ser uma maneira eficaz de monitorar a saúde e evitar complicações futuras.
Como melhorar a saúde intestinal?
A boa notícia é que existem estratégias simples para manter o intestino funcionando de forma equilibrada. Confira algumas recomendações dos pesquisadores:
✅ Aumente o consumo de fibras: frutas, legumes, verduras e cereais integrais ajudam a regular o trânsito intestinal.
💧 Hidrate-se bem: beber bastante água ao longo do dia favorece o funcionamento do intestino.
🏃♂️ Pratique exercícios físicos: a atividade física estimula os movimentos intestinais naturais.
🚫 Evite alimentos ultraprocessados: esses produtos podem comprometer a microbiota intestinal e aumentar a inflamação no organismo.
Limitações do estudo
Embora os achados sejam relevantes, os próprios pesquisadores reconhecem que há algumas limitações na pesquisa. O grupo estudado era composto majoritariamente por mulheres brancas do oeste dos Estados Unidos, o que pode dificultar a generalização dos resultados para outras populações. Além disso, as informações sobre dieta e estilo de vida foram autorrelatadas pelos participantes, o que pode introduzir erros ou vieses na análise.
Mesmo assim, os resultados reforçam a importância de manter uma rotina intestinal saudável e mostram que pequenas mudanças nos hábitos diários podem ter um impacto positivo na saúde a longo prazo.
