O Hamas, grupo armado palestino, entregou os corpos de um bebê, uma criança, uma mulher e um idoso, nessa quinta-feira (20). A criança mais nova tinha apenas nove meses e foi a mais jovem entre os reféns israelenses que estavam na Faixa de Gaza.
A tragédia é simbólica para Israel, já que três das vítimas faziam parte da família Bibas, conhecida por representar o sofrimento dos reféns. Shiri Bibas, de origem argentina, seus filhos Kfir Bibas, de 9 meses, e Ariel Bibas, de 4 anos, além do idoso Oded Lifschitz, de 83 anos, foram mortos durante o ataque do Hamas em outubro de 2023. A entrega aconteceu em Khan Younis, uma cidade na Faixa de Gaza, e os corpos foram levados para Israel pela Cruz Vermelha.
O governo israelense confirmou a entrega e os corpos foram levados para exames de DNA. A morte de Lifschitz foi confirmada pelo próprio gabinete do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, poucas horas depois da entrega. Essa ação faz parte do acordo de cessar-fogo que começou no dia 19 de janeiro.
A forma como o Hamas entregou os corpos foi duramente criticada pela ONU. Volker Turk, chefe de Direitos Humanos da ONU, chamou a cena de um “desfile de corpos” de abominável e uma violação do direito internacional. A situação gerou um grande sentimento de luto em Israel. Logo depois da entrega, Netanyahu fez um discurso, prometendo eliminar o Hamas e trazer todos os reféns de volta para casa.

A história da família Bibas não é isolada. Eles foram sequestrados pelo Hamas no ataque de 7 de outubro de 2023, onde 1,2 mil pessoas foram mortas e 251 israelenses sequestrados. Em resposta, Israel iniciou uma operação militar que resultou em mais de 48 mil mortos em Gaza, além da destruição de várias cidades.
A versão do Hamas sobre a morte de Shiri e das crianças nunca foi confirmada pelas autoridades israelenses. A alegação de que eles teriam morrido em um ataque aéreo israelense em novembro de 2023 ainda é contestada.
Em Israel, a dor foi imensa. Muitos israelenses se reuniram nas ruas para homenagear as vítimas enquanto os caixões eram transportados. O presidente Isaac Herzog pediu desculpas aos familiares, dizendo que o país não conseguiu proteger seus cidadãos naquela fatídica data. “Agonia, sofrimento. Não há palavras para descrever. O coração de toda a nação está devastado”, disse Herzog nas redes sociais.
Yarden Bibas, o marido de Shiri, que também estava preso, foi libertado no dia 1º de fevereiro. A família Bibas havia sido sequestrada na comunidade de Nir Oz, próxima à Faixa de Gaza, que perdeu cerca de um quarto de seus moradores no ataque do Hamas.
Shiri e seus filhos se tornaram símbolos do sofrimento de Israel, segundo Yiftach Cohen, morador de um kibutz perto da casa da família Bibas. Netanyahu, em um vídeo, chamou a quinta-feira de “um dia muito difícil” para o Estado de Israel. Além disso, ele enfrentou protestos de familiares de reféns, que, no dia 17, marcaram 500 dias de cativeiro. Muitas pessoas marcharam até sua casa para exigir ações mais contundentes em relação aos reféns ainda nas mãos do Hamas.