Criança de nove anos é sequestrada e abusada no RS, e homem é linchado

A manhã desta quarta-feira (26) trouxe um desfecho chocante para um caso que mobilizou moradores de Tramandaí, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Uma menina de 9 anos, que havia desaparecido na tarde anterior, foi encontrada presa em um alçapão dentro de uma loja de conveniência no bairro Parque dos Presidentes. O dono do estabelecimento, apontado como autor do sequestro, foi linchado e morto pela população revoltada com o crime.

Sequestro e resgate dramático

Segundo a Brigada Militar e a Polícia Civil, a criança foi atraída pelo suspeito com a promessa de ganhar um picolé. Um gesto aparentemente inofensivo que, na verdade, fazia parte de um plano criminoso. A menina desapareceu por volta das 16h de terça-feira (25), quando saiu para brincar na praça em frente de casa. O calor intenso fez com que muitas crianças estivessem nas ruas, o que dificultou a percepção imediata do sumiço.

Os familiares, ao notarem que a menina não retornava, iniciaram uma busca desesperada. O pai da criança contou que pediu ajuda a vizinhos, espalhou cartazes e até utilizou um carro de som para anunciar o desaparecimento. Enquanto isso, a tensão crescia entre os moradores, que se mobilizavam para tentar encontrá-la.

A reviravolta veio quando o próprio pai decidiu verificar uma loja de conveniência da região. Ele contou que, ao perguntar ao dono do estabelecimento sobre sua filha, percebeu algo estranho. O local estava com a música extremamente alta e o homem, visivelmente nervoso, tinha um arranhão no nariz. Essas pequenas pistas foram suficientes para que ele acionasse a polícia.

Com a chegada dos agentes e a análise de imagens de câmeras de segurança, a suspeita se confirmou. As gravações mostravam a menina entrando na loja, mas não saindo. Durante a abordagem policial, gritos de socorro vindos do interior do estabelecimento colocaram fim à dúvida: a menina estava ali.

Os policiais iniciaram uma busca minuciosa dentro da loja até encontrá-la presa em um alçapão. O delegado Alexandre Souza relatou que ela estava escondida dentro de um buraco e que, embora sem ferimentos graves aparentes, há indícios de que possa ter sido abusada. Exames periciais irão determinar o que ocorreu durante as horas em que ficou sob poder do criminoso.

População enfurecida lincha o suspeito

O suspeito, um homem de 61 anos, tinha um longo histórico criminal. Entre os crimes já registrados contra ele estavam feminicídio, tráfico de drogas, furto em veículo, crueldade contra animais e lesão corporal. Mesmo com essa ficha extensa, ele circulava livremente pela cidade, sem levantar suspeitas sobre suas intenções.

Assim que os policiais resgataram a criança e deram voz de prisão ao suspeito, a notícia se espalhou rapidamente. Moradores indignados cercaram o local e começaram a atacá-lo. Os policiais tentaram intervir, mas a fúria popular era incontrolável. O homem foi brutalmente agredido até a morte.

A loja de conveniência foi depredada e um carro que estava estacionado na frente foi completamente destruído. Diante do caos, a Brigada Militar precisou usar balas de borracha, gás de efeito moral e spray de pimenta para dispersar a multidão, mas já era tarde demais para salvar o suspeito.

Menina recebe apoio e seguirá em acompanhamento psicológico

Apesar do trauma, a criança não corre risco de vida. Após o resgate, foi encaminhada para atendimento médico e será acompanhada por uma equipe especializada em assistência psicológica infantil. O delegado reforçou que a prioridade agora é garantir o bem-estar da menina e de sua família, que ainda tenta assimilar tudo o que aconteceu em menos de 24 horas.

O caso levanta mais uma vez a discussão sobre a segurança infantil e a reincidência criminal. Como um homem com antecedentes tão graves ainda circulava livremente? Como evitar que tragédias como essa se repitam? Perguntas como essas ecoam entre os moradores, que, embora aliviados com o resgate da criança, ainda tentam entender como alguém tão perigoso pôde agir impunemente por tanto tempo.

Enquanto isso, a cidade de Tramandaí segue dividida entre a sensação de justiça feita com as próprias mãos e a preocupação com a violência crescente. A Polícia Civil agora investiga não apenas o crime do sequestro, mas também a execução pública do suspeito, um episódio que escancara a revolta popular diante da impunidade.



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