Aline Cristina Giamogeschi, de 31 anos, foi vítima de um crime brutal em Registro, no interior de São Paulo. A bancária foi estuprada e assassinada dentro de sua própria casa pelo vizinho William, de 23 anos, que nutria uma obsessão por ela. O caso, que chocou a cidade, evidencia mais uma vez a trágica realidade do feminicídio no Brasil.
O desaparecimento e a descoberta do crime
Aline não havia dado notícias desde sexta-feira (21), o que preocupou familiares e amigos. No sábado (22), sem conseguir contato, o irmão da bancária decidiu pular o muro da residência no bairro Jardim São Paulo. O que ele encontrou dentro da casa foi uma cena devastadora.
O corpo de Aline estava no chão, com sinais de violência sexual e enforcamento. Ela estava nua, com um vestido enrolado na cintura e uma peça íntima em uma das pernas. A cama, desalinhada e afastada da parede, indicava que houve movimentação no local. Embora não houvesse sinais claros de luta corporal, o estado da vítima e o cenário do crime deixaram evidente a brutalidade do ataque.
A Polícia Militar foi acionada imediatamente, e a área foi isolada para perícia. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) chegou a divulgar inicialmente que o corpo estava sobre a cama, mas o boletim de ocorrência apontou que Aline foi encontrada no chão do quarto.
A investigação e a prisão do assassino
As buscas pelo suspeito levaram três dias. Na terça-feira (25), William foi finalmente localizado e preso. Ele confessou o crime sem demonstrar arrependimento. De acordo com a Polícia Civil, imagens de câmeras de segurança foram essenciais para identificá-lo e comprovar sua movimentação nas proximidades da casa da vítima no dia do assassinato.
O delegado Marcelo Freitas, responsável pelo caso, explicou que o criminoso tinha uma obsessão por Aline e monitorava sua rotina. “Ele morava perto, sabia os horários que ela chegava e saía. Alimentava uma admiração não correspondida e decidiu cometer esse crime bárbaro”, afirmou Freitas em entrevista à TV Tribuna.
William foi levado para a Delegacia de Registro, onde confirmou ter violentado e matado a vítima. Após prestar depoimento, foi encaminhado para a Cadeia Pública da cidade e agora aguarda as próximas etapas do processo judicial. A Justiça decretou sua prisão temporária, e ele deve responder por feminicídio e estupro.
A linha do tempo do crime
• Sexta-feira (21): Aline é vista pela última vez.
• Sábado (22): Família não consegue contato; irmão invade a casa e encontra o corpo. Polícia e perícia são acionadas.
• Domingo (23) e segunda-feira (24): Investigadores analisam imagens de câmeras de segurança e coletam depoimentos.
• Terça-feira (25): William é preso e confessa o crime.
Feminicídio e o perigo da obsessão
O assassinato de Aline escancara um problema que já se tornou recorrente: mulheres que são perseguidas e mortas por homens que não aceitam rejeição. O caso lembra outros feminicídios recentes, como o de Tatiane Spitzner, morta pelo marido em 2018, e o de Mariana Bazza, assassinada após aceitar ajuda de um desconhecido para trocar um pneu.
A violência contra a mulher no Brasil segue em níveis alarmantes. Em 2023, o país registrou um aumento nos casos de feminicídio, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Apenas no primeiro semestre do ano, mais de 700 mulheres foram mortas por questões de gênero.
Muitos desses crimes são cometidos por companheiros ou ex-parceiros, mas o caso de Aline reforça que a ameaça pode estar mais perto do que se imagina. Um vizinho, alguém que fazia parte do seu cotidiano, transformou uma admiração doentia em um ato de extrema brutalidade.
Justiça e o clamor por segurança
O caso gerou revolta em Registro e reacendeu debates sobre segurança e proteção às mulheres. Movimentos feministas e grupos de defesa dos direitos das mulheres pedem punição rigorosa para o assassino e medidas mais eficazes para evitar que crimes como esse continuem acontecendo.
A família de Aline, ainda em choque, cobra justiça e lamenta a perda de uma mulher jovem, trabalhadora e querida por todos. Amigos e colegas de trabalho prestaram homenagens nas redes sociais, lembrando da bancária como uma pessoa doce e batalhadora.
Agora, resta esperar o desenrolar do processo judicial e torcer para que a punição ao assassino de Aline sirva de alerta para a urgência de políticas mais firmes contra o feminicídio. Afinal, nenhuma mulher deveria perder a vida simplesmente por dizer “não”.