A Polícia Civil de São Paulo encontrou vestígios de sangue no porta-malas de um Toyota Corolla que foi visto próximo ao ponto de ônibus onde Vitória Regina de Sousa, de 17 anos, desceu antes de desaparecer em Cajamar, na Grande São Paulo. A descoberta foi confirmada por Luiz Carlos do Carmo, diretor do Demacro (Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo).
O veículo pertence a Maicol Antonio Sales dos Santos, que está preso temporariamente desde o último sábado (8). Segundo as autoridades, o sangue encontrado no carro passará por análise laboratorial para confirmar se pertence à vítima, um processo que pode levar de 30 a 40 dias para ser concluído.
INDÍCIOS CONTRA MAICOL
Entre os três veículos apreendidos durante as investigações — um Corsa branco, um Yaris prata e o Corolla —, apenas o Toyota de Maicol apresentou vestígios de sangue, o que reforça as suspeitas sobre sua participação no crime.
Além dessa evidência, outros fatores levantaram dúvidas sobre o suspeito. A esposa de Maicol negou que ele tenha dormido em casa na noite do crime, contrariando a versão apresentada por ele no depoimento.
Outro ponto crucial foi a localização do celular do investigado, que indica que ele esteve próximo de Vitória no momento de seu desaparecimento. Além disso, testemunhas relataram ter ouvido gritos e barulhos suspeitos vindos da casa do suspeito, o que aumenta ainda mais as suspeitas sobre seu envolvimento.
Durante a coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (10), o delegado Luiz Carlos do Carmo revelou que testemunhas teriam sido ameaçadas por Maicol para não colaborarem com as investigações.
Embora as evidências apontem fortemente para Maicol, ele não é o único investigado. Outras duas pessoas também estão sendo monitoradas de perto pela polícia.
OUTROS SUSPEITOS
Além de Maicol, a polícia tem dois outros nomes no radar: Gustavo Vinícius de Moraes, ex-namorado de Vitória, e Daniel Lucas Pereira, que teve seu veículo, um Corsa branco, apreendido.
A polícia chegou a solicitar a prisão preventiva dos três, mas a Justiça só autorizou a de Maicol até o momento.
Gustavo levantou suspeitas por conta de contradições em seu depoimento. Ele afirmou que não estava disponível quando Vitória pediu ajuda para voltar para casa, mas as investigações indicam que isso pode não ser verdade.
Já Daniel, dono do Corsa branco, teria seguido e filmado Vitória várias vezes nos dias que antecederam o crime. Além disso, fios de cabelo foram encontrados no porta-malas de seu carro, o que reforça a possibilidade de que ele tenha alguma ligação com o caso. Seu celular foi apreendido e será periciado.
Apesar das suspeitas, a polícia ainda não revelou a motivação exata do crime. No entanto, a principal hipótese considerada até o momento é a de vingança passional.
O DESAPARECIMENTO DE VITÓRIA
Vitória Regina desapareceu em 26 de fevereiro, depois de sair do trabalho às 23h. Ela havia começado a trabalhar recentemente como operadora de caixa em um restaurante dentro de um shopping na cidade de Cajamar.
Naquela noite, o pai da jovem não pôde buscá-la porque seu carro estava quebrado, então Vitória precisou pegar um ônibus para voltar para casa.
Pouco antes de embarcar, ela enviou mensagens para uma amiga relatando estar com medo, pois havia dois homens próximos ao ponto de ônibus.
Já dentro do ônibus, por volta da meia-noite, a adolescente enviou outra mensagem informando que apenas um dos homens havia embarcado com ela. Algum tempo depois, disse à amiga que já estava tranquila, pois o indivíduo não desceu no mesmo ponto que ela.
Essa foi a última comunicação de Vitória antes de desaparecer.
O ENCONTRO DO CORPO
O corpo da jovem foi localizado sete dias depois, no dia 5 de março, em uma área de mata a 5 km de sua casa. A descoberta só foi possível graças ao trabalho de cães farejadores da polícia.
A cena encontrada pelos investigadores chocou a população: Vitória estava nua, com o cabelo raspado, sinais de tortura e as mãos cobertas por um saco plástico. O avançado estado de decomposição indica que ela pode ter sido morta pouco tempo depois de desaparecer.
Diante da brutalidade do crime, a polícia acredita que os envolvidos possam ter conexão com o crime organizado, uma linha de investigação que ainda está em desenvolvimento.
COMOÇÃO E COBRANÇA POR JUSTIÇA
A morte de Vitória Regina gerou grande repercussão nas redes sociais, com internautas exigindo justiça e cobrando uma resposta rápida das autoridades.
A hashtag #JustiçaPorVitória tem sido amplamente compartilhada, e protestos já começaram a ser organizados por amigos, familiares e moradores de Cajamar.
A Polícia Civil segue com a investigação e novas prisões podem ocorrer nos próximos dias, à medida que as provas forem analisadas.