Caso Vitória: preso que confessou crime nega envolvimento com facção

Na madrugada desta terça-feira (18/3), Maicol Sales dos Santos, de 27 anos, prestou uma confissão formal à polícia sobre o assassinato de Vitória Regina de Souza, de 17 anos. No depoimento, ele negou qualquer ligação com facções criminosas e afirmou que agiu sozinho no crime que chocou a cidade de Cajamar, na Grande São Paulo.

O corpo da jovem foi encontrado em uma área de mata, e a brutalidade do caso fez com que, inicialmente, a Polícia Civil suspeitasse da participação do Primeiro Comando da Capital (PCC). Um dos indícios que reforçavam essa hipótese era o fato de Vitória ter tido a cabeça raspada, algo que costuma estar associado a execuções ordenadas por grupos criminosos. No entanto, Maicol nega qualquer relação com o crime organizado e sugere que a ausência de cabelo no corpo pode estar ligada ao processo de decomposição.

Os Detalhes da Confissão

Segundo o relato de Maicol, ele teria matado Vitória e, em seguida, levado o corpo até uma área isolada para escondê-lo. O suspeito disse que passou em casa, colocou o corpo da jovem no porta-malas do carro e pegou uma enxada. Depois, seguiu para uma região próxima ao trevo de Jundiaí, onde cavou uma cova rasa e enterrou o cadáver.

Após cometer o crime, Maicol retornou para casa, tomou banho e tentou dormir, mas passou a noite em claro. No dia seguinte, ao voltar do trabalho por volta das 17h, ele queimou as roupas e o celular da vítima e lavou o carro, focando especialmente no porta-malas, na tentativa de eliminar qualquer vestígio.

A repercussão do caso fez com que Maicol tentasse agir naturalmente para não levantar suspeitas. No entanto, poucos dias depois do crime, ele acabou sendo preso. Em sua confissão, ele demonstrou preocupação com sua segurança, afirmando que teme represálias tanto dentro quanto fora da prisão. Além disso, ressaltou que sua família também poderia estar em risco, especialmente após a grande exposição do caso na mídia.

As Provas Contra o Suspeito

Desde o último dia 8 de março, Maicol está sob custódia da polícia. As investigações avançaram rapidamente depois que câmeras de segurança registraram seu carro próximo ao local onde Vitória foi vista pela última vez. Além disso, exames periciais identificaram manchas de sangue no porta-malas do veículo, e amostras foram coletadas para análise laboratorial, a fim de confirmar se pertencem à vítima.

Outro ponto que ajudou a montar o quebra-cabeça foi um laudo do Instituto Médico Legal (IML), que descartou a possibilidade de violência sexual antes do assassinato. De acordo com o documento, não foram encontradas lesões traumáticas na região genital da vítima, nem vestígios biológicos que indicassem abuso.

A causa da morte foi determinada como perfurações no tórax, pescoço e rosto. Apesar das primeiras especulações, que sugeriam que a jovem poderia ter sido degolada, o laudo não encontrou indícios que confirmassem essa hipótese. A ausência de cabelo também foi analisada e, segundo especialistas, pode estar relacionada à decomposição do corpo.

A Obsessão de Maicol por Vitória

As investigações apontam que Maicol nutria uma obsessão pela adolescente. Segundo Fábio Costa, advogado da família de Vitória, o celular do suspeito continha diversas fotos da jovem e de outras meninas com características físicas semelhantes. Além disso, havia imagens de facas e armas de fogo armazenadas no dispositivo.

Outro indício revelado pela polícia foi o fato de Maicol ter acessado uma postagem de Vitória no Instagram momentos antes do crime. Com isso, ele teria conseguido rastrear sua rotina e prever o horário exato em que ela chegaria ao ponto de ônibus, facilitando sua abordagem.

A Linha do Tempo do Crime

Vitória Regina de Souza desapareceu no dia 26 de fevereiro, após sair do trabalho e pegar um ônibus para voltar para casa. Imagens de câmeras de segurança mostram a jovem chegando ao ponto de ônibus, onde teria demonstrado preocupação com a presença de dois homens suspeitos.

Pouco antes de embarcar no transporte público, a adolescente trocou mensagens com uma amiga, relatando sua insegurança. Segundo prints da conversa, ela mencionou a presença dos dois indivíduos no ponto e afirmou que estava com medo. Ao entrar no ônibus, percebeu que os homens embarcaram logo depois dela e que um deles sentou atrás de seu assento.

A última mensagem enviada por Vitória foi logo após ela descer do coletivo. Na tentativa de tranquilizar a amiga, escreveu: “Tá de boaça”. Esse foi o último contato antes de seu desaparecimento.

Dias depois, no dia 5 de março, seu corpo foi encontrado em uma área rural de Cajamar, em avançado estado de decomposição. A identificação foi feita por meio de tatuagens no braço e na perna, além de um piercing no umbigo.

O Caso Ainda Não Está Encerrado

Embora Maicol tenha confessado o crime, a polícia ainda investiga outras possibilidades. O fato de a jovem ter relatado a presença de dois homens suspeitos no ônibus levanta dúvidas sobre a real dinâmica do crime.

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) segue acompanhando o caso, e a família de Vitória cobra justiça. O advogado da família reforçou que continuará trabalhando para esclarecer todos os detalhes e garantir que o responsável – ou os responsáveis – paguem pelo que foi feito.

O assassinato brutal de Vitória Regina de Souza gerou comoção e indignação. A expectativa agora é que a investigação traga todas as respostas necessárias para que sua família possa, enfim, encontrar algum alívio em meio à dor da perda.



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