Caso Vitória: suspeito matou adolescente para esconder suposta traição

Maicol Sales dos Santos, principal suspeito do assassinato da adolescente Vitória Regina de Sousa, de 17 anos, prestou depoimento na última segunda-feira (17), trazendo detalhes que ajudam a esclarecer os fatos. Durante o interrogatório, ele admitiu ter matado a jovem, alegando que queria impedir que ela revelasse à sua esposa que os dois haviam se envolvido no passado.

Na manhã seguinte, durante uma entrevista coletiva, Luiz Carlos do Carmo, diretor do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo, reforçou que a confissão de Maicol confirma sua obsessão pela vítima. “Fica muito claro que ele era obcecado pela Vitória”, afirmou o diretor. O conteúdo do interrogatório foi obtido pelo SBT, que divulgou trechos do depoimento.

A Relação Entre Maicol e Vitória

Maicol morava no bairro Ponunduva, na mesma região onde Vitória residia com a família. No dia 26 de fevereiro, quando a adolescente desapareceu, ele a viu caminhando em direção à sua casa e a abordou de carro. Segundo seu relato, os dois teriam se envolvido há cerca de um ano e meio, ainda que de forma breve. Entretanto, ele afirmou que, recentemente, Vitória começou a ameaçar contar tudo para sua esposa, o que teria motivado sua atitude extrema.

De acordo com a versão apresentada por Maicol, a jovem entrou no carro por vontade própria, mas logo os dois iniciaram uma discussão acalorada. Ele afirma que foi agredido e, em um momento de descontrole, pegou uma faca que estava ao seu lado. O laudo pericial do Instituto Médico Legal (IML) confirmou que Vitória sofreu múltiplas perfurações no tórax, pescoço e rosto, ferimentos que resultaram em sua morte.

“Ela entrou no carro, começou a se debater, e ele prontamente pegou a faca e desferiu os golpes”, explicou o delegado Fabio Lopes Cenachi. Segundo o depoimento do suspeito, a adolescente não teve tempo de gritar.

O Que Aconteceu Após o Crime

Após o ataque, Maicol dirigiu até sua casa com a vítima ferida no banco do passageiro. Lá, retirou o corpo do carro, colocou-o no porta-malas e seguiu até uma área de mata na cidade de Cajamar. Ele utilizou ferramentas da oficina de seu padrasto – uma pá e uma enxada – para cavar uma cova rasa e esconder o corpo da jovem.

Ainda segundo seu relato, ele retirou as roupas da vítima, colocou-as no porta-malas e retornou para casa. Sem demonstrar sinais de nervosismo, tentou agir com naturalidade, chegando a dormir após cometer o crime.

Destruição de Provas e Contradições no Depoimento

Durante as investigações, Maicol afirmou que se livrou da faca jogando-a em um rio e queimou as roupas de Vitória junto com o lixo, na tentativa de apagar vestígios. No entanto, algumas contradições em sua versão dos fatos chamaram a atenção da polícia.

O principal ponto de divergência diz respeito à condição em que o corpo foi encontrado. Inicialmente, o suspeito disse ter enterrado Vitória, mas a polícia localizou o cadáver exposto em meio à mata. Questionado sobre essa discrepância, Maicol alegou não saber quem poderia ter desenterrado a vítima.

Além disso, ele negou veementemente que tenha raspado o cabelo da jovem. Essa característica do crime, somada à brutalidade dos ferimentos, chegou a levantar suspeitas de que o caso poderia ter relação com facções criminosas. No entanto, a perícia indicou que a ausência dos cabelos pode estar relacionada à decomposição do corpo, afastando a hipótese inicial.

Perfil do Assassino e Sua Obsessão Pela Vítima

Os investigadores acreditam que Maicol agiu sozinho e que sua fixação por Vitória foi o fator determinante para o crime. A obsessão se tornou evidente após a polícia analisar o celular do suspeito, onde foram encontradas diversas fotos da adolescente e de outras garotas com características físicas semelhantes às dela. Além disso, havia registros de facas e armas de fogo armazenados no dispositivo.

“Trata-se de um psicopata, alguém que vinha perseguindo a vítima há meses”, destacou um dos policiais envolvidos na investigação. A confissão de Maicol ajudou a esclarecer pontos cruciais do crime, mas a polícia ainda mantém algumas dúvidas sobre a sequência exata dos acontecimentos.

A Busca por Justiça Continua

O assassinato de Vitória Regina de Sousa gerou revolta e indignação, não apenas entre familiares e amigos, mas também em toda a comunidade. O caso continua sendo acompanhado de perto pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), que trabalha para garantir que todos os detalhes sejam completamente esclarecidos.

A família da jovem pede por justiça e reforça a necessidade de punição para o responsável. Enquanto isso, a polícia segue reunindo provas e analisando todas as informações obtidas durante as investigações para garantir que o crime não fique impune.