A investigação sobre o assassinato da jovem Vitória Regina de Sousa, de 17 anos, teve novos desdobramentos ao longo desta semana. A atualização mais recente do caso foi a transferência de Maicol Antonio Sales dos Santos, que confessou ter matado a adolescente, para o Centro de Detenção Provisória II, em Guarulhos, na Grande São Paulo.
Transferência por segurança e depoimentos à polícia
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) confirmou a transferência, mas não detalhou os motivos específicos da decisão. O órgão, no entanto, informou que não há registros de agressões contra Maicol dentro do sistema prisional. Antes de ser encaminhado ao novo presídio, ele passou por exames no Instituto Médico Legal (IML).
Em depoimento à polícia, o suspeito revelou que temia pela própria segurança na cadeia. Além disso, demonstrou preocupação com possíveis represálias contra seus familiares por parte da comunidade de Cajamar, cidade onde o crime ocorreu e que ficou profundamente abalada com o caso.
O delegado Luiz Carlos do Carmo, diretor do Departamento de Polícia da Macro São Paulo (Demacro), afirmou que a investigação aponta Maicol como o único responsável pelo assassinato. “Fica claro que somente ele praticou esse crime”, declarou.
Detalhes do crime e revelações da perícia
O laudo do IML confirmou que Vitória foi morta a facadas, com golpes no tórax, pescoço e rosto. Apesar da brutalidade do ataque, o exame não apontou sinais de violência sexual, conforme publicado pela Folha de S. Paulo.
De acordo com as investigações, Maicol monitorava a vítima há meses e a perseguição culminou no que o delegado chamou de “arrebatamento” — o momento em que ele sequestrou Vitória. “Ele vinha perseguindo a vítima há muito tempo. E, na sequência, o arrebatamento. A prova cabal foi a confissão tomada ontem à noite. Ele deu sua versão e fica muito claro que era obcecado por ela”, detalhou Luiz Carlos do Carmo.
O delegado também explicou que a adolescente tentou reagir, o que teria levado Maicol a esfaqueá-la. “Ele mesmo relatou que desferiu os golpes quando ela tentou resistir. Não encontramos sêmen ou qualquer indício de abuso no corpo da vítima”, acrescentou.
Obcecado pela vítima e com histórico preocupante
As investigações revelaram que Maicol acompanhava atentamente os passos de Vitória pelas redes sociais. Em fevereiro, ele viu uma postagem no Instagram da jovem em que ela mencionava estar sozinha indo até o ponto de ônibus. O suspeito também sabia que o carro do pai dela estava quebrado, o que indicava que ela precisaria fazer o trajeto a pé.
A polícia descobriu que o celular de Maicol continha uma coleção de fotos de Vitória. Além disso, os investigadores encontraram cerca de 50 imagens de outras garotas com características físicas semelhantes às da adolescente, sugerindo um possível padrão de interesse obsessivo.
Embora o suspeito tenha apagado os arquivos logo após se tornar alvo da investigação, a equipe policial conseguiu recuperar os dados utilizando uma ferramenta forense. Também foram encontradas imagens de facas e de um revólver no dispositivo, levantando a suspeita de que Maicol possa ter usado uma arma para forçar Vitória a entrar em seu carro sem chamar atenção.
Assassinato no veículo e prisão do suspeito
O crime teria ocorrido dentro do Toyota Corolla de Maicol, que foi visto na área onde Vitória desapareceu. A perícia encontrou manchas de sangue no porta-malas do veículo, reforçando a tese da polícia.
No dia 8 de março, a Justiça decretou a prisão temporária do suspeito. Outras duas pessoas chegaram a ser investigadas, mas foram descartadas após a apuração policial.
O desaparecimento e o impacto do crime
Vitória Regina desapareceu no final de fevereiro, após sair do trabalho em um shopping de Cajamar. Naquela noite, pegou um ônibus e enviou uma mensagem para uma amiga, relatando que estava assustada, pois sentia que estava sendo seguida. Depois, embarcou em outro coletivo e voltou a mandar mensagens manifestando medo.
Dias depois, em 5 de março, seu corpo foi encontrado com sinais de tortura, o que chocou a população local e gerou grande repercussão nas redes sociais.
O UOL segue tentando contato com a defesa de Maicol Antonio Sales dos Santos e mantém o espaço aberto para qualquer manifestação. A matéria será atualizada assim que houver um posicionamento oficial.