Vídeo: jovem autista é agredido com pauladas e socos por ex-militar

Um adolescente de 14 anos, diagnosticado com autismo, foi brutalmente agredido por um ex-militar na tarde desta quarta-feira (19/3), no bairro Colônia Terra Nova, em Manaus (AM). O motivo do ataque teria sido uma suposta provocação por parte do jovem e de outros adolescentes, que teriam chutado o portão da casa do agressor. O caso revoltou moradores da região e reacendeu debates sobre violência contra pessoas neurodivergentes.

O ataque registrado por câmeras

Câmeras de segurança próximas ao local captaram o momento exato da agressão. As imagens mostram o adolescente caminhando tranquilamente pela rua enquanto voltava da escola. De repente, ele é surpreendido pelo ex-militar, que segura um pedaço de madeira e começa a confrontá-lo verbalmente. O jovem mal tem tempo de reagir antes que o homem inicie os golpes.

O ex-militar desferiu pauladas, socos e tapas contra o garoto, que, mesmo tentando se proteger, foi imobilizado e continuou sendo agredido. Durante o ataque, uma testemunha tentou intervir e ajudar a vítima, mas também foi ameaçada pelo agressor, que parecia determinado a continuar a violência.

Em um determinado momento, o homem tenta levar o adolescente à força para outro local, puxando-o pelo braço. No entanto, uma mulher aparece na cena e impede que o crime continue. Ela confronta o ex-militar e consegue afastá-lo do jovem, que estava visivelmente abalado e ferido.

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Desdobramentos do caso

Após a confusão, a Polícia Militar foi acionada, e os envolvidos foram levados ao 18º Distrito Integrado de Polícia (DIP). Durante o depoimento, o ex-militar confessou a agressão, mas, para indignação de muitos, acabou sendo liberado após ser ouvido pelas autoridades.

A liberação do agressor gerou revolta nas redes sociais, onde internautas questionaram a falta de medidas mais severas contra ele. “Um homem adulto, treinado para combate, agride uma criança com deficiência e simplesmente sai pela porta da delegacia como se nada tivesse acontecido? Isso é inaceitável!”, escreveu um usuário no X (antigo Twitter).

Familiares da vítima também se manifestaram, relatando que o adolescente ficou traumatizado após o episódio e que precisará de acompanhamento psicológico para lidar com as consequências do ataque. “Meu filho não tem histórico de brigas ou confusões. Mesmo que tivesse chutado um portão, nada justifica essa brutalidade. Ele é uma criança, tem autismo, não consegue reagir como uma pessoa neurotípica. Queremos justiça!”, disse a mãe do garoto em entrevista a um jornal local.

Repercussão e debate sobre violência contra autistas

O caso levantou um debate sobre a vulnerabilidade de pessoas autistas e outras neurodivergentes diante da violência. Especialistas apontam que, devido a dificuldades na comunicação e na interpretação de situações sociais, pessoas no espectro do autismo podem ser alvos fáceis para agressões, além de terem mais dificuldade para denunciar abusos.

“Infelizmente, ainda há muito desconhecimento sobre o autismo. Muitas pessoas não compreendem que indivíduos no espectro podem reagir de forma diferente a estímulos e que isso não deve ser motivo para agressões. A sociedade precisa aprender a lidar com essas diferenças, e casos como esse precisam ser punidos com rigor”, afirmou a psicóloga e ativista pelos direitos dos autistas, Mariana Souza.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê penalidades para agressões contra menores de idade, especialmente quando há algum tipo de deficiência envolvida. Além disso, a Lei Brasileira de Inclusão (Lei 13.146/2015) classifica esse tipo de violência como crime passível de punição. Diante da repercussão do caso, entidades de defesa dos direitos das pessoas com deficiência cobraram das autoridades um posicionamento mais firme sobre a liberação do ex-militar.

O que acontece agora?

A família do adolescente informou que irá registrar uma denúncia formal contra o agressor e buscar apoio jurídico para garantir que ele seja responsabilizado. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Amazonas também se manifestou, afirmando que acompanhará o caso para evitar que a impunidade prevaleça.

Enquanto isso, moradores do bairro Colônia Terra Nova se mobilizam para protestar contra a violência sofrida pelo adolescente. Um grupo organizou um ato para o próximo fim de semana, pedindo justiça e mais proteção para pessoas autistas.

O caso segue sob investigação, e a expectativa é que novas medidas sejam tomadas nos próximos dias. O que permanece como um alerta é a necessidade urgente de combater a violência contra os mais vulneráveis e garantir que episódios como esse não fiquem impunes.