Fim do mistério: Polícia desvenda caso do desaparecimento de pai e filha em SC

O desaparecimento de Anderson Rafael Hasse e sua filha, Bianca de Freitas Hasse, de apenas 8 anos, mobilizou Blumenau, em Santa Catarina, desde o dia 5 de março. O mistério que intrigava a população chegou ao fim na noite desta quinta-feira (20), quando a Polícia Civil localizou os dois na comunidade da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro.

A revelação do caso trouxe uma reviravolta inesperada. O sumiço, que inicialmente parecia um possível caso de sequestro externo, na verdade, foi orquestrado pelo próprio pai da menina. Anderson fugiu com a filha, tentando evitar que ela fosse entregue à mãe após perder a guarda.

Segundo o delegado Bruno Fernando, que conduziu as investigações, o homem já planejava desaparecer com a criança havia pelo menos três meses. Informações colhidas pela Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente e ao Idoso (DPCAMI) e pela Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Blumenau indicam que ele vinha traçando minuciosamente cada passo dessa fuga.

A Localização do Pai e da Filha

A descoberta do paradeiro de Anderson e Bianca foi possível graças a denúncias recebidas pela Polícia Civil do Rio. Agentes foram até a área conhecida como Laboriaux, dentro da Rocinha, e encontraram os dois escondidos. A menina, segundo as autoridades, estava aparentemente bem e foi encaminhada ao Conselho Tutelar para receber assistência.

Para a polícia, o resgate da criança representou o fim de uma angústia que durou 15 dias. Durante esse período, a mãe e os familiares de Bianca viveram momentos de desespero, sem qualquer notícia sobre o paradeiro da menina.

O Que Motivou Anderson a Fugir com a Filha?

De acordo com as investigações, o principal motivo do sequestro foi a perda da guarda da criança, um golpe duro para o pai, que não aceitava a decisão judicial. Além disso, uma alegação grave surgiu ao longo do caso: Anderson afirmou que a filha sofria abusos desde os três anos de idade por parte do avô materno.

Segundo depoimentos de amigos e familiares, o homem estava determinado a evitar que Bianca continuasse vivendo com a mãe e o avô. Em conversas com pessoas próximas, ele chegou a dizer que, se não fugisse com a menina, mataria o suposto agressor.

Ao ser capturado, Anderson manteve sua versão dos fatos e afirmou não se considerar um criminoso. Ele alegou que tentou denunciar os abusos ao Conselho Tutelar, mas que suas queixas não foram atendidas.

O Plano de Fuga e a Questão da Alienação Parental

A fuga de Anderson não foi um ato impulsivo. A polícia descobriu que, antes de desaparecer, ele tomou medidas estratégicas para garantir que pudesse se manter escondido por um longo período. O homem vendeu seu carro, se desfez de instrumentos musicais e até contraiu um empréstimo bancário. Ao todo, conseguiu levantar mais de R$ 60 mil para financiar sua estadia foragido.

Mas o que chamou ainda mais atenção das autoridades foi o indício de alienação parental. Segundo as investigações, Anderson vinha manipulando emocionalmente a filha havia meses, influenciando sua percepção sobre a mãe e o restante da família materna. Esse comportamento foi um fator determinante para que ele perdesse a guarda da menina.

Prisão e Consequências Legais

Diante das evidências, a Polícia Civil de Santa Catarina decretou a prisão temporária de Anderson pelos crimes de sequestro, cárcere privado e desobediência à decisão judicial. O Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) se manifestou favorável à medida, e a Justiça determinou que ele fique detido por, no mínimo, 30 dias, prazo que pode ser estendido conforme o avanço do caso.

O desfecho desse episódio ainda deixa muitas questões em aberto. A alegação de abuso contra Bianca será investigada com rigor para verificar sua veracidade. Ao mesmo tempo, especialistas apontam a necessidade de acompanhamento psicológico para a criança, que passou por uma experiência traumática e pode ter sido diretamente afetada pela manipulação do pai.

O caso reforça debates importantes sobre a alienação parental e os impactos emocionais em crianças que vivem disputas de guarda intensas. Enquanto isso, a família de Bianca tenta seguir em frente, aliviada por tê-la de volta, mas ciente de que essa história ainda não chegou ao fim.