O pai da adolescente Vitória Regina de Souza, de 17 anos, que foi assassinada em Cajamar, na Grande São Paulo, não acredita na versão de que o único preso pelo crime, Maicol Antônio Sales dos Santos, de 23 anos, tenha agido sozinho. Carlos Alberto Sousa, pai da vítima, duvida de tudo que foi dito pelo suspeito, que confessou o crime após ser preso. Ele falou à polícia dizendo que matou a filha de Carlos sozinho, mas o pai de Vitória acredita que outras pessoas estavam envolvidas. “Não agiu sozinho, não. Acredito que tem mais dois ou três nessa história”, disse ele, ainda sem saber quem seriam essas pessoas.
Carlos Alberto também não acredita na explicação de Maicol de que Vitória teria entrado no carro dele por vontade própria. Para ele, isso não faz sentido, pois a filha nunca aceitaria pegar carona com um desconhecido, ainda mais sem avisar para ele, o pai. “Minha filha, se fosse pegar carona com alguém, ia logo me ligar, dizendo ‘pai, posso ir?’”, relatou o pai, reafirmando que a filha nem conhecia Maicol. Ele negou qualquer envolvimento dela com o suspeito, garantindo que não tinha nem ideia de quem fosse esse homem.
Essas declarações foram dadas em uma entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, onde o pai de Vitória explicou que o que mais queria saber era quem mais estava envolvido na morte da filha. “Eu quero saber de todos que estavam com ele”, disse, com indignação, se referindo à versão que Maicol deu à polícia.
Maicol, por outro lado, apareceu em um vídeo obtido pela imprensa, em que confessou o assassinato. Nas imagens, ele detalha como foi o crime e como deixou o corpo da jovem em uma área de mata, após vários dias de buscas pela polícia. Durante o depoimento, Maicol ainda tenta se livrar de algumas acusações, dizendo que não foi ele quem arrancou os cabelos de Vitória, e que alguém mais pode ter feito isso, por causa do estado de decomposição do corpo. Ele também negou qualquer ligação com facções criminosas, já que no início a polícia desconfiou de envolvimento do PCC (Primeiro Comando da Capital) no caso.
Os advogados de Maicol, porém, contestaram sua confissão, dizendo que ele foi pressionado e que, na verdade, o crime não aconteceu da maneira que ele contou. No depoimento, Maicol teria afirmado que matou Vitória com duas facadas, depois de uma discussão sobre um suposto caso extraconjugal que ele teria tido com a jovem, mas essa versão não convenceu a defesa. Eles alegaram que o depoimento não foi feito de forma regular e que ele provavelmente estava sendo pressionado.
A confissão de Maicol foi dada a jornalistas no dia 17 de março, mas, até aquele momento, ela ainda não tinha sido formalizada pela polícia. No entanto, após a chegada dos advogados de defesa na delegacia, eles foram impedidos de conversar com o cliente. Quando a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) foi chamada para investigar a situação, o presidente da OAB de Cajamar, Rafael Adriano, disse que não houve nenhuma irregularidade no procedimento. Ele afirmou que até aquele momento, Maicol não havia feito nenhuma confissão.
Na manhã seguinte, no entanto, a polícia revelou que Maicol teria confessado o crime durante a madrugada, depois que seus advogados saíram da delegacia. O delegado Fabio Cenachi, responsável pela investigação, explicou que, como os advogados haviam saído, ele nomeou um advogado da OAB para acompanhar o depoimento. Segundo a polícia, a defesa de Maicol teria tentado evitar que ele confessasse, mas o delegado não podia permitir que ele ficasse sem assistência legal.
A defesa, por sua vez, afirmou que só conseguiu falar com Maicol alguns dias depois e que, com base no que foi dito, podem pedir a anulação da confissão. O caso continua sendo investigado e a família de Vitória espera que todos os responsáveis pela morte da jovem sejam identificados e punidos.