Rapper Oruam fala pela primeira vez sobre pai traficante: ‘Um exemplo pra mim’

O rapper Oruam, um dos maiores nomes do trap nacional, abriu o coração em entrevista exibida na noite deste domingo (30) no programa Domingo Espetacular, da Record. Pela primeira vez em rede nacional, o artista falou sobre sua relação com seu pai, o traficante Marcinho VP, e comentou as polêmicas que envolvem seu nome.

Quem é Oruam?

O nome de batismo de Oruam é Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, e, aos 23 anos, ele já se consolidou como um dos principais nomes da nova geração do rap e do trap brasileiro. Mas, além do talento, a história dele carrega um peso extra: ele é filho de Marcinho VP, um dos nomes mais conhecidos do crime organizado no Brasil, preso desde 1996 e apontado como um dos líderes do Comando Vermelho.

Essa ligação com um dos criminosos mais famosos do país sempre trouxe questionamentos e julgamentos sobre a trajetória do cantor. No entanto, durante a conversa com o jornalista Roberto Cabrini, Oruam deixou claro que, apesar do histórico do pai, ele trilhou seu próprio caminho e conquistou tudo sozinho.

A relação com Marcinho VP

Na entrevista, Oruam rebateu a imagem que a sociedade tem de seu pai e defendeu a figura paterna que ele representou para sua família.

“Eles dizem que ele é o líder, mas, na verdade, ele nem é. Meu pai foi preso quando tinha 19, 20 anos. Não tem como, com essa idade, ele ser esse monstro que a sociedade pinta, entendeu, chefe? Ele foi um ótimo pai para mim, um exemplo. Foi o meu tudo…”, afirmou o rapper.

Ele também contou que Marcinho sempre tentou afastá-lo da realidade do crime e da favela:

“Ele sempre quis esconder a gente da favela, tirar a gente do morro, para que a gente não olhasse aquilo ali e quisesse aquilo ali para a gente.”

Oruam ressaltou que nunca quis viver à sombra do pai e que tudo o que tem hoje foi conquistado com sua música:

“Eu não escolhi o pai que tenho, mas se pudesse escolher, eu escolheria o meu pai. Tudo o que conquistei foi com a minha música, chefe, porque antes eu não tinha nada. Se hoje consegui conquistar o Brasil, foi porque meu pai me ensinou o caminho certo. Ele sempre disse: ‘Filho, você tem que trabalhar, tem que estudar, tem que ser honesto com as pessoas, tem que ser humilde’.”

Uma das polêmicas envolvendo Oruam foi o fato de ele ter se apresentado em um show usando uma camiseta com a foto do pai. Na época, isso gerou grande repercussão e críticas, mas ele defendeu sua escolha:

“Mano, eu só fui no show com a foto do meu pai. É o meu pai!”

Superando as estatísticas

Oruam reconhece que sua trajetória poderia ter sido outra. Afinal, crescer como filho de um dos criminosos mais conhecidos do país não é algo simples. Porém, ele faz questão de destacar que conseguiu superar as expectativas que muitos tinham sobre ele.

“O fato de eu ser filho do Marcinho… cara, eu consegui superar as estatísticas. Consegui conquistar o mundo, mesmo com todo mundo dizendo ‘não’ para mim.”

No bate-papo com Cabrini, o cantor também falou sobre o papel da música na sua vida e na vida dos jovens de periferia. Para ele, o rap, o funk e o pagode são vozes da favela, uma forma de expressar a realidade das comunidades e denunciar as desigualdades sociais.

“O Brasil é isso! É o funk, o rap, o pagode, o samba. É o povão. Eu canto a realidade das favelas: a pobreza, a desigualdade. Falta oportunidade! Enquanto o último daqui não vencer, eu também não venci.”

O artista ainda reforçou que sua missão vai além da música. Ele quer ser uma voz para aqueles que não têm espaço na sociedade, inclusive os presos:

“Sou um contestador. Não vim aqui ser só mais um. Vim falar o que penso, pelos favelados. Se os presos não têm voz, se meu pai não tem voz, vou fazer uma música para os presos.”

Uma trajetória em ascensão

Apesar das polêmicas que cercam seu nome, Oruam segue em ascensão no cenário musical. Com milhões de ouvintes nas plataformas de streaming e uma legião de fãs, ele vem se consolidando como um dos principais artistas do trap nacional.

A entrevista no Domingo Espetacular foi um marco em sua carreira, pois mostrou um lado mais humano do cantor e permitiu que ele se posicionasse sobre temas que sempre estiveram à sua volta.

Independentemente das opiniões sobre sua origem, uma coisa é certa: Oruam não quer ser apenas “o filho de Marcinho VP”. Ele quer ser lembrado pelo que construiu com seu próprio talento. E, pelo que tudo indica, esse é apenas o começo da sua história.