João Paulo 2º, Bento 16, João Paulo 1º, João 23… Todos esses papas, e outros que se seguiram, estão enterrados na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Essa basílica foi construída no século 17, no local onde se acredita que o apóstolo São Pedro foi enterrado. Ele foi discípulo de Jesus e é visto como o primeiro papa pela tradição da Igreja Católica.
Porém, o papa Francisco decidiu quebrar uma tradição muito antiga. Ao contrário de seus antecessores, ele escolheu não ser sepultado dentro dos muros do Vaticano. Francisco preferiu um destino diferente para seu descanso final.
O último papa a ser enterrado fora do Vaticano antes de Francisco foi Leão 13 (1810-1903), um papa que ficou conhecido por criar a doutrina social da Igreja. Ele foi sepultado na Basílica de São João de Latrão, que fica em Roma, fora da cidade do Vaticano.
No testamento de Francisco, datado de 29 de junho de 2022, mas divulgado apenas no dia 21 de abril de 2025, logo após sua morte, ele deixou claro seu desejo de ser enterrado em um “túmulo simples” na Basílica de Santa Maria Maior, uma igreja que ele considerava muito especial. A Basílica de Santa Maria Maior está localizada em Roma, perto da maior estação de trem da cidade, e fica em uma área conhecida por abrigar muitos imigrantes, principalmente da China e de Bangladesh.
O papa Francisco era frequentador constante dessa basílica. Ele sempre ia lá para rezar antes e depois das suas viagens internacionais. No testamento, ele explicou que sua vontade de ser enterrado nesse local estava ligada à sua devoção à Virgem Maria, mãe de Jesus. Ele confiava sua vida e seu ministério à Maria Santíssima e, por isso, pediu que seus restos mortais descansassem na Basílica Papal de Santa Maria Maior, aguardando o dia da ressurreição.
A decisão de Francisco de escolher um local fora do Vaticano para seu túmulo reflete seu estilo único e sua profunda ligação com a espiritualidade. Diferente de outros papas, que seguiram a tradição de ser enterrados na Basílica de São Pedro, Francisco optou por um lugar que tinha um significado especial para ele. Para muitos, essa escolha pode ser vista como uma maneira de reafirmar sua humildade e proximidade com as pessoas, especialmente os mais pobres e os imigrantes que vivem nas imediações da basílica.
Enquanto muitos poderiam esperar que ele seguisse os passos dos papas anteriores, optando por um túmulo próximo aos grandes símbolos da Igreja, Francisco escolheu um caminho mais pessoal e discreto. Sua decisão pode ser interpretada como um reflexo da sua vida, marcada por gestos de simplicidade, humildade e preocupação com os mais necessitados.
O fato de ele ter escolhido uma igreja fora do Vaticano também nos faz pensar sobre o quanto Francisco sempre quis que sua missão estivesse mais próxima das pessoas comuns, e não restrita aos grandes palácios e à autoridade da Igreja. Ele sempre procurou mostrar que a fé não deve ser algo distante ou inacessível, mas algo que deve estar ao alcance de todos.
O testamento de Francisco revela não só o seu desejo pessoal, mas também uma mensagem para os católicos de todo o mundo. A escolha de sua sepultura, fora dos muros do Vaticano, é um gesto simbólico que fala mais alto do que palavras e que certamente ficará marcado na história da Igreja.