Atrizes de “Vale Tudo” respondem nota de repúdio de coletivo de mães LGBTQ

A polêmica de Vale Tudo: Representatividade e as vozes das mães lésbicas

A novela Vale Tudo está chegando ao seu desfecho, mas as controvérsias em torno das escolhas narrativas da trama continuam se intensificando. Recentemente, um dos pontos mais discutidos foi a introdução do pai biológico da criança Sarita, que é filha de um casal lésbico formado por Cecília (interpretada por Maeve Jinkings) e Laís (Lorena Lima). Essa decisão gerou uma série de reações, principalmente entre comunidades que representam a diversidade familiar.

O impacto da representação na televisão

O Coletivo Dupla Maternidade, que congrega mulheres LGBTQIA+ que vivem a experiência da maternidade em dupla, se manifestou sobre a situação. Em uma nota divulgada, a organização expressou sua decepção, afirmando que “não existe pai biológico em uma família de duas mães”. Essa afirmação simples, mas poderosa, revela um sentimento profundo sobre a importância da representatividade nas narrativas da mídia. O coletivo destacou que ficou animado ao saber que a novela abordaria uma família com duas mães, especialmente porque a história original tinha um desfecho trágico para a personagem Cecília.

“É inacreditável que em 2025, o que poderia ser uma oportunidade de representação se transforme em desinformação e preconceito”, afirmaram os membros do coletivo, evidenciando a necessidade de um tratamento mais consciente e respeitoso das histórias que envolvem famílias diversas. Esse tipo de crítica é vital, pois nos força a refletir sobre como as narrativas moldam percepções e realidades em nossa sociedade.

A resposta das atrizes

As atrizes Maeve Jinkings e Lorena Lima, que interpretam Cecília e Laís, respectivamente, também expressaram apoio ao coletivo. Maeve comentou: “Todo meu amor e respeito ao coletivo, e a todas as mães adotivas e casais de mulheres. Desde o início busquei compreender a alma dessas famílias.” Esse tipo de declaração é importante, pois mostra que as atrizes não estão apenas atuando, mas se importam genuinamente com as histórias que estão contando.

Lorena complementou sua colega, afirmando que espera que as histórias de famílias diversas ganhem mais espaço na dramaturgia. “Que tenhamos mais chances de contar nossas histórias”, disse ela, ressaltando a necessidade de visibilidade para as experiências de famílias que não se encaixam nos moldes tradicionais. Essas declarações das atrizes ressaltam a importância de ter vozes autênticas e representativas na indústria do entretenimento.

Um pedido por mudança

O coletivo fez um apelo à equipe de roteiristas de Vale Tudo, liderada por Manuela Dias, para que reconsiderassem a narrativa envolvendo Cecília e Laís. “Que a história das mães de Sarita seja revista para uma abordagem mais construtiva e afetuosa”, pediram. Essa solicitação não é apenas um pedido por mudança na trama, mas um chamado para que a televisão se torne um espaço de aprendizado e respeito pela diversidade.

Além disso, o coletivo se ofereceu para colaborar na construção da narrativa das personagens, destacando que a inclusão de suas vozes poderia enriquecer a história. “Para que a novela contribua de fato com as nossas famílias e não apenas use o assunto de forma oportunista”, concluíram. Essa proposta é um exemplo de como a comunidade pode se envolver ativamente na representação de suas histórias, buscando sempre uma narrativa que vá além do estereótipo.

Reflexões sobre a representatividade na mídia

Essas discussões em torno de Vale Tudo são fundamentais não apenas para a trama em si, mas também para o panorama mais amplo da mídia brasileira. A forma como as histórias são contadas pode impactar diretamente a percepção pública sobre as realidades vividas por famílias LGBTQIA+. É preciso lembrar que a televisão tem um grande poder de moldar opiniões e, por isso, a responsabilidade dos roteiristas e produtores é imensa.

Enquanto a novela se aproxima de seu fim, fica a expectativa de que as críticas sejam ouvidas e que as narrativas sobre famílias diversas se tornem mais comuns e respeitosas. Afinal, a diversidade é uma riqueza que deve ser celebrada e respeitada em todas as suas formas. Para aqueles que se importam com a representação na mídia, é essencial continuar pressionando por histórias que reflitam a realidade, promovendo a inclusão e o respeito por todas as famílias.