PR: Obra em rodovia é interditada por fósseis mais antigos que dinossauros

Obra da PR-364 é suspensa por preocupações ambientais e arqueológicas

Recentemente, o DER-PR (Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná) tomou a decisão de interromper a obra da PR-364, que liga Irati a São Mateus do Sul. Essa medida foi adotada após uma recomendação feita pelo MPF (Ministério Público Federal), que apontou riscos significativos de danos ambientais e arqueológicos na área onde a obra está sendo realizada.

Riscos Ambientais e Arqueológicos

A localização da obra é especialmente sensível. Ela está situada nas proximidades da antiga pedreira Carlito Molinari, em Irati, um município que se destaca pela descoberta de fósseis com mais de 200 milhões de anos. Entre os exemplares encontrados, destaca-se o Mesosaurus brasiliensis, uma espécie que remete a um passado remoto e fascinante.

De acordo com o DER/PR, a obra, que já havia alcançado 52,72% de conclusão, representa um investimento de aproximadamente R$ 23,7 milhões. Contudo, a importância da preservação do patrimônio histórico e natural superou a urgência da pavimentação, levando à suspensão dos trabalhos.

Próximos passos para a obra

Após a paralisação, o DER/PR informou que vai realizar estudos para encontrar as melhores soluções para retomar a obra ou, se necessário, desenvolver alternativas que permitam continuar com a execução da pavimentação. O trecho em questão abrange 1,6 km do perímetro urbano, incluindo a construção de um viaduto no entroncamento com a BR-153.

Licenciamento Ambiental e a Intervenção do MPF

Além da paralisação da obra, o MPF determinou o cancelamento da licença ambiental que havia sido concedida pelo IAT (Instituto Água e Terra) do Paraná. O motivo para essa decisão foi a falta de uma análise adequada e a ausência de manifestação do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), o que caracteriza uma falha no processo de licenciamento.

A recomendação do MPF frisa a importância de anular a licença e condiciona qualquer futura continuidade da obra a uma prévia manifestação do Iphan. Isso inclui a realização de estudos arqueológicos e paleontológicos apropriados, que são cruciais para garantir a proteção do patrimônio cultural e histórico da região.

Vistoria Técnica e Preservação do Patrimônio

O MPF também enviou um documento ao Iphan, solicitando que o Instituto realize uma vistoria técnica na área da obra. O objetivo é verificar se já houve algum dano ao patrimônio histórico-cultural durante o andamento dos trabalhos. Essa ação é fundamental para assegurar que a construção não comprometa a riqueza arqueológica da região.

Reflexões Finais

A situação da PR-364 levanta questões importantes sobre a necessidade de balancear o desenvolvimento da infraestrutura com a preservação ambiental e histórica. Embora o avanço em obras de pavimentação seja essencial para melhorar a mobilidade e a qualidade de vida da população, é igualmente vital garantir que as riquezas do passado não sejam sacrificadas em nome do progresso. O caso da PR-364 serve como um lembrete da importância de um planejamento cuidadoso e da colaboração entre diferentes órgãos governamentais para garantir que todas as vozes sejam ouvidas e respeitadas.