A Jornada de Tainá Müller: Do Palco à Direção de um Filme Transformador
Fazer um filme independente no Brasil não é uma tarefa fácil. Essa é a opinião de Tainá Müller, uma atriz que já tem mais de 20 anos de carreira, navegando entre cinema, teatro e televisão. Recentemente, ela decidiu se aventurar atrás das câmeras, e junto com a diretora Isis Broken, lançou o filme Apolo. O longa, que teve sua estreia no Festival do Rio, foi premiado em duas categorias, incluindo melhor longa-metragem documentário e melhor trilha sonora. O filme é um retrato sensível da relação entre Isis e seu companheiro, Lourenzo Gabriel, ambos pessoas trans, durante a gestação do filho Apolo, que foi concebido de forma natural durante a pandemia.
Desafios do Cinema Independente
Em uma entrevista à CNN, Tainá refletiu sobre o saldo e o amadurecimento que essa experiência trouxe para sua vida. “Raramente, de fato, vai compensar financeiramente. Mas a compensação vem de um apaixonado por cinema como eu, né? Vem da vontade imensa de contar uma história, de achar que essa história merece ser contada e de vê-la sendo recebida pelo público. Essa é a grande satisfação”, compartilha a atriz com um brilho nos olhos.
Ela ainda brinca sobre as dificuldades: “De resto, é realmente muita batalha. Você tem que querer muito, porque são anos de trabalho. Um filme independente pode levar de cinco a dez anos para ficar pronto, e você tem que colocar muita energia e empenho. É um trabalho que a compensação está mais ligada à paixão do que a um senso prático.” Essa declaração nos faz perceber o quanto o amor pela arte pode impulsionar alguém a continuar lutando, mesmo quando as recompensas financeiras não são as esperadas.
A Valorização do Cinema Brasileiro
Apesar do cenário atual estar mais favorável ao cinema nacional, com produções de sucesso como Ainda Estou Aqui e O Agente Secreto, Tainá acredita que ainda há um longo caminho a percorrer. Ela menciona que “é muito cruel para o cinema brasileiro, em termos de orçamento, competir com estrangeiros”. Os desafios financeiros são enormes, e muitas vezes as produções locais têm orçamentos muito inferiores, o que acaba comprometendo a qualidade e a experiência cinematográfica.
Ela salienta que o brasileiro precisa entender a importância de apoiar o cinema nacional: “Acompanhar o cinema brasileiro é entrar em contato direto com algo único e que ninguém nunca vai reproduzir, que é se ver na tela, ver a sua cultura representada.” Essas palavras são um chamado à ação para que o público valorize o que é feito por aqui, reconhecendo a riqueza e a diversidade da cultura local.
Reflexões Finais
O trabalho de Tainá Müller em Apolo não é apenas uma nova fase em sua carreira, mas também uma contribuição significativa para a discussão sobre representatividade no cinema. Ao trazer à tona histórias de pessoas trans e suas experiências, ela ajuda a abrir portas para que mais narrativas diversas sejam contadas. O cinema brasileiro ainda tem um longo caminho a percorrer, mas é através de trabalhos como o dela que podemos vislumbrar um futuro mais inclusivo e representativo.
Por fim, é essencial que continuemos a apoiar o cinema nacional, seja assistindo aos filmes, discutindo suas histórias ou simplesmente compartilhando com amigos. O que você acha sobre o papel do cinema na representação da cultura brasileira? Compartilhe suas opiniões!