María Corina Machado: A Luta pela Liberdade na Venezuela e o Papel dos EUA
Na terça-feira, dia 15, a ganhadora do Nobel da Paz de 2025, María Corina Machado, que é considerada a principal opositora do regime autoritário de Nicolás Maduro, teve uma conversa exclusiva com a jornalista da CNN, Christiane Amanpour. Durante a entrevista, Machado foi questionada sobre a possibilidade de uma intervenção militar por parte dos Estados Unidos na Venezuela, um tema que gera debates acalorados entre especialistas e público em geral.
A Intervenção Militar e a Luta Contra o Narcotráfico
A jornalista Christiane Amanpour trouxe à tona a visão de especialistas em geopolítica, que afirmam que as operações militares dos EUA no Caribe, que Washington classifica como combate ao narcotráfico, podem ter motivações mais profundas, ligadas a uma mudança de regime na Venezuela. Amanpour destacou: “[Os EUA] realizaram o quinto ataque a um barco que chamam de barco de drogas. Há uma grande quantidade de pensamento de que isso não se trata tanto de drogas, talvez, mas de mudança de regime.” Ela então pediu para que María Corina explicasse seu apoio a essa intervenção.
Machado, ao ser questionada, não hesitou em afirmar que sempre acreditou na necessidade de uma mudança de regime, mesmo enfrentando críticas e sendo chamada de “louca” por isso. Ela destacou que as condições em que a mudança de regime poderia ocorrer eram injustas e que, apesar de todos os obstáculos, eles conseguiram mobilizar uma legião de mais de um milhão de voluntários. “Não tínhamos dinheiro, não tínhamos mídia, ninguém ousava falar. Não tínhamos apoio internacional algum. Minha equipe estava na prisão ou sendo perseguida desde então”, disse ela, refletindo sobre a dura realidade enfrentada pela oposição.
A Guerra Declarada por Maduro
María Corina afirmou que, após as eleições presidenciais de 2024, nas quais foi impedida de concorrer, conseguiu “mostrar ao mundo” como Maduro declarou guerra ao povo venezuelano. Em uma reviravolta surpreendente, Edmundo González, aliado de Machado, se lançou como candidato e, segundo ela, foi eleito presidente com a maioria dos votos válidos, mas o Conselho Nacional Eleitoral ignorou o resultado, reafirmando a vitória de Maduro. “Eu tinha vencido uma primária com mais de 90% dos votos e fui impedida de participar”, lamentou.
Apelo por Ajuda Internacional
Machado enfatizou a gravidade da situação ao afirmar que “Maduro iniciou essa guerra e precisamos da ajuda do presidente dos Estados Unidos para parar essa guerra, porque isso envolve vidas humanas”. Segundo ela, os recursos que sustentam o regime de Maduro estão ligados a atividades criminosas, como o tráfico de drogas e armas. “Qualquer estrutura criminosa que permaneça no poder, no controle, com os recursos que ela recebe – no caso de Maduro e sua estrutura criminosa narcoterrorista – vem do tráfico de drogas, tráfico de ouro, tráfico de armas, até tráfico humano”, destacou. Ela alertou sobre a necessidade de cortar esses fluxos, pois são eles que sustentam a repressão e as atividades criminosas do regime.
Coalizão Internacional pela Liberdade
Por fim, María Corina Machado fez um apelo a outros países da América Latina, do Caribe e da Europa, pedindo que se unam em uma coalizão internacional para enfrentar o regime de Maduro. “Para que todos saibam, a Venezuela é hoje o principal canal de cocaína, e esse negócio é comandado por Maduro do [Palácio de] Miraflores”, concluiu, ressaltando a urgência da situação e a necessidade de ações concretas para restaurar a democracia no país.
Essa entrevista não apenas revela a determinação de María Corina Machado em lutar contra a opressão, mas também destaca a complexidade da situação na Venezuela e o papel que a comunidade internacional pode desempenhar na busca por uma solução pacífica e duradoura.