Governador do Rio chegou a sugerir que PM operasse blindados, dizem fontes

Governador do Rio Sugeriu Uso de Blindados do Exército por Policiais: Polêmica à Vista

Recentemente, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, fez uma proposta que gerou intenso debate nas esferas políticas e militares. Ele sugeriu à cúpula das Forças Armadas a ideia de que policiais militares poderiam operar blindados do Exército durante operações voltadas para combater o crime organizado em seu estado. Essa informação foi confirmada por três fontes de alta patente das Forças Armadas à CNN.

Uma Proposta Controverso

As reações à sugestão de Castro não foram nada favoráveis. Um oficial do Exército descreveu essa ideia como “esdrúxula”, argumentando que os policiais militares não possuem o treinamento necessário para operar esses veículos blindados. Além disso, mesmo que eles tivessem essa capacitação, os equipamentos do Exército só podem ser utilizados em ações de segurança pública mediante a decretação de uma GLO, ou Garantia da Lei e da Ordem.

Contexto da Proposta

Essa proposta incomum surgiu em um momento em que o governador também havia solicitado oficialmente o envio de veículos blindados do Exército para serem usados em operações policiais, especialmente em áreas de risco do Rio de Janeiro. Em um ofício dirigido ao Ministério da Defesa, datado de 3 de fevereiro, Castro pediu não apenas os veículos, mas também o envio de militares que pudessem operar e fazer a manutenção desses blindados. Curiosamente, ele não incluiu a solicitação para a decretação de uma GLO, o que poderia ter legalizado o uso dos blindados nessa situação específica.

No ofício, Castro se dirigiu ao destinatário cordialmente e, em consonância com um documento da Secretaria de Estado de Polícia Civil, solicitou “a valiosa cooperação e apoio logístico do Exército Brasileiro”. Ele enfatizou a necessidade de veículos blindados para intervenções policiais em áreas de risco, conforme descrito no documento mencionado.

A Resposta das Forças Armadas

A Advocacia-Geral da União (AGU) também se envolveu na questão, elaborando, no dia 13 de fevereiro, um parecer que fundamentou a recusa das Forças Armadas a um pedido anterior do governador, que solicitava o uso de blindados sem a decretação de uma GLO. Isso evidencia um cenário complexo onde as relações entre o governo estadual e as Forças Armadas estão sendo testadas.

Declarações do Governador

Procurado pela CNN para comentar especificamente sobre a sugestão de permitir que PMs operassem blindados, o governador não retornou. Contudo, em uma coletiva de imprensa realizada no dia 28, que tratava de uma megaoperação policial no Rio, Castro fez declarações contundentes. Ele afirmou que o estado está sozinho no combate ao crime e pediu apoio do governo federal. “Essa é uma guerra que está passando dos limites de onde o estado deveria estar sozinho se defendendo”, disse ele.

Além disso, ele ressaltou que, para enfrentar essa guerra, que ele considera diferente da segurança urbana habitual, seria necessário ter um apoio, possivelmente até mesmo das Forças Armadas. Castro argumentou que a operação atual não é apenas uma ação de segurança pública, mas sim uma “operação de defesa”, e que deveria haver uma integração mais efetiva com as forças federais.

Reflexões Finais

O que se observa nesse cenário é uma tensão crescente entre as necessidades de segurança pública e as limitações legais e operacionais que regem o uso das Forças Armadas em operações de segurança. É um tema que não apenas toca na questão do combate ao crime, mas também levanta questões mais profundas sobre a relação entre o governo estadual e federal e como essas dinâmicas são geridas em momentos de crise. O futuro das operações policiais no Rio de Janeiro, portanto, poderá depender não apenas de políticas, mas também de um diálogo efetivo entre todas as partes envolvidas.