Ex-atriz da Globo com deficiência diz que sofreu maus-tratos nos bastidores de novela

Danieli Haloten: A Coragem de Quebrar Barreiras e Encontrar Novos Caminhos

Danieli Haloten se destaca na televisão brasileira por ser uma verdadeira pioneira. Ela foi a primeira atriz com deficiência visual a conseguir um papel significativo em uma novela da Globo. A atriz deu vida à personagem Anita na trama “Caras e Bocas”, que foi exibida entre 2009 e 2010. Essa personagem, que foi criada especialmente para ela por Walcyr Carrasco, marcou um momento importante na história da televisão nacional, mas não sem desafios.

Desafios nos Bastidores

Em uma recente entrevista à Revista Caras, Danieli compartilhou experiências que mostram que, mesmo com o sucesso, os bastidores da novela nem sempre foram acolhedores. “A maioria dos atores me tratava muito bem, mas o pessoal da produção não queria que eu estivesse ali,” revelou. Essa afirmação traz à tona uma questão que muitas vezes é ignorada: a resistência que indivíduos com deficiência enfrentam em ambientes que deveriam ser inclusivos.

Danieli contou que a presença do seu cão-guia foi um ponto de discórdia entre a equipe, o que tornava o ambiente de trabalho hostil e desconfortável. “Eu sentia que algumas pessoas não estavam felizes com a minha presença, e isso tornava tudo mais complicado. É triste saber que, mesmo em um espaço como a televisão, ainda existem barreiras que precisam ser quebradas”, desabafou.

Um Legado Além da Televisão

Após o sucesso em “Caras e Bocas”, Danieli não conseguiu mais atuar em novelas. Ela enfrentou uma resistência do mercado que a deixou frustrada. “Sempre me diziam: ‘Mas você já fez personagem cega, já teve uma personagem cega na última novela’,” lamenta. Essa situação ilustra como o estigma ainda é uma barreira significativa para muitos artistas com deficiência, limitando suas oportunidades e perpetuando a ideia de que eles só podem interpretar papéis relacionados à sua condição.

Com o passar do tempo, Danieli decidiu mudar o rumo de sua carreira. Ela se afastou das câmeras e optou por investir em sua formação acadêmica. Formou-se em Direito e atualmente trabalha como conciliadora no Tribunal Regional do Trabalho de Santa Catarina (TRT-SC). Nesse novo papel, ela se dedica à promoção da justiça e da inclusão, mostrando que seu talento vai além da atuação.

Reflexões sobre Inclusão e Representatividade

A trajetória de Danieli Haloten é um exemplo claro de como a inclusão na televisão e em outros meios ainda tem um longo caminho pela frente. A presença de atores com deficiência nas produções deve ser naturalizada e não vista como uma exceção. A representatividade é crucial para que diferentes histórias sejam contadas e para que todos os públicos possam se ver refletidos nas telas.

Atualmente, há um aumento na discussão sobre a inclusão de pessoas com deficiência nas artes e na mídia. Muitas campanhas e movimentos têm surgido para promover a diversidade e criar um ambiente mais acolhedor para todos. É essencial que as produções respeitem e incluam a diversidade, não apenas como uma estratégia de marketing, mas como um compromisso genuíno com a sociedade.

O Futuro de Danieli

Embora Danieli tenha se afastado da televisão, seu legado e sua luta por inclusão permanecem vivos. Ela continua a inspirar muitas pessoas que enfrentam desafios semelhantes, mostrando que é possível superar barreiras e encontrar novos caminhos. Seu trabalho como conciliadora no TRT-SC é um exemplo de como pode-se fazer a diferença na vida dos outros.

Considerações Finais

A história de Danieli Haloten é uma lembrança de que o caminho para a inclusão é repleto de desafios, mas também de conquistas. Sua coragem e determinação não apenas abriram portas para ela, mas também para futuras gerações de artistas com deficiência. Que sua jornada sirva de inspiração para todos nós e nos lembre da importância de lutar por um mundo mais justo e inclusivo.