Como Doca, chefe do Comando Vermelho, conseguiu escapar da polícia do RJ

A Fuga Improvável de Doca: O Comando Vermelho em Ação

Recentemente, o Rio de Janeiro foi palco de uma operação policial sem precedentes, envolvendo cerca de 2.500 agentes e resultando em um saldo trágico de 117 indivíduos mortos, entre eles, muitos suspeitos de envolvimento com o crime organizado. Contudo, a história mais intrigante dessa operação é a fuga de Edgar Alves de Andrade, conhecido no submundo como Doca, que, apesar da intensa ação policial, conseguiu escapar ileso, deixando as autoridades perplexas.

A Proteção do Comando Vermelho

De acordo com informações apuradas por Leandro Stoliar, um analista que participou de uma cobertura do evento, a fuga de Doca não foi um feito aleatório. Ele teria contado com a proteção de cerca de 70 membros do Comando Vermelho, que formaram um cerco estratégico para garantir que Doca conseguisse se evadir da polícia. Isso demonstra o grau de importância que Doca possui dentro da hierarquia criminosa, sendo considerado vital para as operações da facção.

Uma fonte policial chegou a afirmar que “para se ter uma ideia da importância do Doca, pelo menos 70 criminosos faziam a segurança dele no momento da operação”. Essa afirmação revela como o tráfico de drogas e o crime organizado operam em uma estrutura quase militar, onde a lealdade e a proteção são essenciais para a sobrevivência de figuras-chave.

A Estrategia do “Muro do Bope”

Para tentar capturar Doca, a polícia utilizou uma tática conhecida como “muro do Bope”. Essa estratégia consiste em encurralar os suspeitos em áreas de mata, onde o terreno acidentado e a vegetação densa dificultam a fuga. No entanto, o que se seguiu foi um intenso confronto que culminou na morte de muitos indivíduos. A cena foi de horror, com corpos sendo recolhidos por moradores da Penha e dispostos em fila em uma praça local, ilustrando a brutalidade da situação.

Doca, por sua vez, conseguiu “atravessar” o muro policial e seu paradeiro permanece desconhecido, o que gera um clima de tensão e incerteza nas comunidades ao redor. O secretário de Polícia Civil do Rio, Felipe Curi, comentou sobre a operação, afirmando que “por um triz nós não prendemos o Doca”. Isso levanta questões sobre a eficácia das estratégias policiais e a resiliência das facções criminosas no Brasil.

Recompensa por Informações

O Disque Denúncia, um serviço de anonimato para informações sobre crimes, já está oferecendo uma recompensa de R$ 100 mil por detalhes que levem à captura de Doca. Curiosamente, esse valor é o mesmo que foi oferecido em uma época pela captura de Fernandinho Beira-Mar, um dos criminosos mais conhecidos do Brasil que fugiu para a Colômbia.

O Comando Vermelho e suas Ordens

Segundo o Ministério Público, Doca é visto como o cérebro por trás de várias operações de tortura e execução dentro do Complexo da Penha. Ele utilizaria grupos de WhatsApp para coordenar suas ações, gerenciar o tráfico de drogas e orquestrar a eliminação de adversários. Isso é um reflexo de como a tecnologia moderna se entrelaçou com o crime organizado, permitindo uma comunicação rápida e eficaz.

Os Mortos e a Estrutura do Crime

O total de mortos durante a operação foi alarmante, com 121 indivíduos contabilizados, sendo 117 suspeitos e quatro policiais. Dos identificados, muitos tinham mandados de prisão em aberto ou um histórico criminal extenso. Isso revela uma rede complexa e profundamente enraizada de crime que se estende muito além da cidade do Rio de Janeiro.

Entre os mortos, estavam pelo menos nove líderes do Comando Vermelho de outras regiões, que estavam em Penha no momento da operação. Essa lista inclui nomes como PP, chefe do tráfico no Pará, e Chico Rato, responsável por Manaus. O secretário Curi ressaltou que todas as ordens e diretrizes do Comando Vermelho emanam dos complexos da Penha e do Alemão, mostrando a centralização do poder dentro da facção.

Reflexões Finais

Esses eventos ressaltam a complexidade da luta contra o crime organizado no Brasil. A fuga de Doca, em meio a uma operação tão massiva, lança luz sobre as falhas e as dificuldades que as autoridades enfrentam ao tentar desmantelar essas organizações. O trabalho das forças de segurança é incessante, mas os desafios são imensos e a batalha está longe de ser vencida.

O que resta é esperar que, com investigações contínuas e um esforço conjunto, as forças policiais consigam desmantelar as redes criminosas que operam nas sombras. O futuro de Doca, assim como de muitos outros, ainda é incerto, mas a luta continua.



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