Neste sábado (22/11), um daqueles dias que já começa meio atropelado pela agenda internacional, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acabou sendo surpreendido por uma pergunta que não esperava nem de longe. Jornalistas que acompanhavam sua saída da Base Aérea Conjunta Andrews, em Maryland, quiseram saber o que ele achava da prisão preventiva do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL). A abordagem aconteceu minutos antes de Trump embarcar, e a reação dele entregou que não estava antenado no assunto — pelo menos não até aquele momento.
Quando escutou o nome de Bolsonaro atrelado à palavra “prisão”, Trump franziu o rosto e soltou um “Não sei nada sobre isso. Foi isso mesmo que aconteceu?”, meio desconcertado, como quem tenta ganhar alguns segundos pra entender o cenário. Logo depois, deixou escapar um “Que pena…”, numa entonação que parecia misturar surpresa com aquele ar diplomático de quem tenta não se comprometer demais.
A situação ficou ainda mais curiosa porque os repórteres presentes eram da própria imprensa da Casa Branca, que buscava uma posição oficial do governo americano sobre o caso. No Brasil, a decisão do Supremo Tribunal Federal de mandar prender Bolsonaro já estava dominando manchetes desde cedo, principalmente após a Corte negar a manutenção da tornozeleira eletrônica sob o argumento de risco de fuga. No noticiário brasileiro, inclusive, muita gente lembrou que esse tipo de decisão costuma incendiar debates políticos, especialmente num momento em que o país ainda tenta cicatrizar feridas do 8 de Janeiro e de outras crises recentes.
Enquanto isso, Trump tentava reorganizar o raciocínio diante das câmeras. Em certo momento, ele mencionou que teria conversado “na noite anterior” com “o cavalheiro ao qual você acabou de se referir”. O trecho virou um prato cheio para especulação, porque ninguém soube ao certo se ele estava falando de Lula ou do próprio Bolsonaro. A frase ficou pairando no ar, meio truncada, provavelmente dita na correria típica de fim de compromisso oficial.
A Casa Branca, ao ser questionada por e-mail algumas horas depois, admitiu que não conseguiu confirmar a quem Trump estava se referindo. E o próprio presidente dos EUA não voltou ao assunto, deixando a dúvida plantada — o que, claro, alimentou mais comentários nas redes. Não faltou gente dizendo que ele provavelmente falou com Lula, enquanto outros juravam que a conversa tinha sido com Bolsonaro, até porque ambos já haviam mantido algum nível de contato no passado, ainda que informal.
Esse pequeno desencontro de informações acabou dando mais visibilidade ao episódio do que talvez Trump imaginasse. Para analistas internacionais, a surpresa dele reforça que Washington não estava totalmente alinhada com os desdobramentos das últimas 24 horas na política brasileira. Já para brasileiros acompanhando tudo em tempo real — e aí entra desde comentaristas políticos até usuários no X (antigo Twitter) —, o momento gerou aquele misto de curiosidade e estranhamento, como quando uma figura global reage a algo que, para nós, já parecia notícia de horas.
No fim das contas, ficou a imagem de um presidente americano pego desprevenido, tentando lidar com uma pergunta complexa segundos antes de embarcar, e deixando no ar um comentário enigmático sobre uma suposta conversa com alguém importante no Brasil. Enquanto isso, tanto no Planalto quanto na mídia internacional, o assunto segue rendendo, mostrando mais uma vez como qualquer movimento envolvendo Trump, Lula ou Bolsonaro vira rapidamente pauta global — e, como sempre, cheio de interpretações diferentes.