Entre lágrimas e orações, apoiadores fazem vigília comovente por Bolsonaro

Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se reuniram na noite deste sábado (22/11) para uma vigília carregada de emoção e simbolismos, horas depois da prisão preventiva dele, realizada logo cedo, por volta das 6h. O grupo se concentrou na região do balão do Jardim Botânico, bem perto do condomínio onde Bolsonaro mora, numa cena que misturava clima de culto, protesto e desabafo coletivo.

A celebração começou com a fala de um pastor, que conduziu orações pedindo proteção e força para Bolsonaro. Para representar o ex-presidente, os participantes colocaram no centro da roda um boneco de papelão em tamanho real, como se fosse um substituto improvisado — quase uma forma de estarem “perto” dele mesmo sem ele estar ali. Vários se aproximaram, tocaram o boneco, fecharam os olhos. Parecia aquelas cenas de romaria interiorana, só que com celular filmando tudo.

Entre os presentes estavam os filhos do ex-chefe do Executivo, o senador Flávio Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro. A deputada federal Bia Kicis (PL-DF) também marcou presença, assim como o desembargador aposentado Sebastião Coelho, conhecido por participar de atos bolsonaristas nos últimos anos. A chegada de Flávio mexeu ainda mais com o grupo — teve gente que chorou ao abraçar o senador, dizendo frases como “Bolsonaro free!” e “A vitória está chegando!”.

A prisão aconteceu no Condomínio Solar de Brasília, também no Jardim Botânico. Depois disso, Bolsonaro foi levado para a Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal. A movimentação intensa desde a manhã já indicava que o clima do dia seria completamente fora do normal, e a convocação de Flávio nas redes sociais apenas ampliou a tensão. Ele reforçou o chamado em uma live, pedindo que quem pudesse fosse ao local prestar apoio ao pai.

Essa própria vigília entrou como elemento no pedido da Polícia Federal ao STF para prender preventivamente Bolsonaro. Na decisão, o ministro Alexandre de Moraes mencionou o risco que a aglomeração poderia representar tanto para os agentes quanto para o próprio ex-presidente, especialmente diante da possibilidade de fuga. Ele citou a postagem de Flávio, dizendo que ela “incita adeptos” a irem até a casa do pai. No mesmo documento, Moraes ainda apontou que Bolsonaro teria tentado violar a tornozeleira eletrônica durante a madrugada — algo que virou assunto ao longo da noite.

Flávio comentou esse ponto no meio da vigília. Disse que a suposta tentativa de violar o equipamento com um ferro de solda poderia ter acontecido por “vergonha” ou até por um “ato de desespero”. Foi uma fala meio desconcertada, quase improvisada, como se ele mesmo tentasse entender o que estava acontecendo. “Não sei, estou conjecturando”, disse.

Bia Kicis, por sua vez, adotou um tom mais inflamado. A deputada afirmou que a decisão judicial “criminaliza a oração”, argumentando que o Brasil estaria caminhando para algo parecido com a Coreia do Norte — uma comparação pesada, mas que acabou viralizando entre apoiadores. Ela mencionou ainda que muita gente dizia que o país viraria uma Venezuela, mas que, segundo ela, o cenário atual seria ainda pior.

No fim, a vigília durou horas. Era uma mistura de devoção, protesto político e tentativa de mostrar força num momento delicadíssimo. A cena do boneco de papelão cercado por orações, celulares e bandeiras virou símbolo do dia — um retrato do clima de incerteza e tensão que tomou conta do país desde cedo.



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