Quanto tempo Bolsonaro pode ficar preso em regime fechado? Entenda

Condenação de Bolsonaro: Entenda os Detalhes da Decisão e Possíveis Consequências

Recentemente, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi condenado a uma pena de 27 anos e três meses de prisão em regime inicial fechado, devido a um plano que visava um golpe de Estado. Essa decisão foi finalizada na terça-feira (25) com a decretação do trânsito em julgado, o que significa que não há mais espaço para apelações.

Embora a pena seja bastante longa, especialistas em direito consultados pela CNN Brasil indicam que, na prática, Bolsonaro pode cumprir entre cinco e sete anos em regime fechado. A duração exata dependerá de um cálculo específico que leva em conta diferentes fatores jurídicos.

Possibilidades de Progressão de Regime

De acordo com a Lei de Execução Penal, indivíduos que são condenados pela primeira vez, como é o caso de Bolsonaro, têm a opção de progredir para um regime prisional menos severo. Isso implica que ele poderia, após cumprir uma fração mínima de sua pena, ser transferido para um regime mais brando.

Essa fração varia de acordo com a natureza do crime. Nos casos que não envolvem violência ou ameaça grave, a exigência é de 16% do total da pena. Contudo, para delitos que incluem violência, esse percentual sobe para 25%. Como a condenação de Bolsonaro inclui crimes tanto com quanto sem violência, os juristas estimam que a progressão exigirá o cumprimento de entre 20% e 25% da pena total.

Aspectos Jurídicos e Condições de Liberdade

O doutor em Direito Penal pela USP, Conrado Gontijo, destaca que, embora o cálculo da progressão possa gerar debates, há um entendimento consolidado que sugere que as frações devem ser aplicadas separadamente a cada crime cometido. Além disso, não é apenas a parte objetiva da pena que conta; para conseguir um benefício, Bolsonaro deverá provar também a boa conduta durante o tempo que passar na prisão.

Outra possibilidade que pode ocorrer ao longo da pena é a remição, que permite que o condenado reduza sua pena. Isso pode acontecer por meio de trabalho ou estudos. Por exemplo, para cada três dias de trabalho, um dia pode ser descontado da pena; o mesmo vale para cada 12 horas de estudo.

Prisão Domiciliar: Uma Alternativa?

Quanto à possibilidade de prisão domiciliar, a decisão ficará a cargo do ministro responsável pela execução penal, Alexandre de Moraes. Essa decisão será baseada em laudos médicos, relatórios oficiais e na análise das condições do sistema prisional. Para que a prisão domiciliar seja concedida, é necessário comprovar que o estado de saúde do ex-presidente é incompatível com o regime fechado e que o presídio não oferece as condições adequadas.

A Defesa e a Condenação

A defesa de Bolsonaro optou por não apresentar um segundo recurso contra a condenação dentro do prazo estabelecido, o que levou o ministro Moraes a iniciar o cumprimento da pena. De acordo com as acusações, Bolsonaro teria liderado uma organização criminosa com o objetivo de promover um golpe de Estado, articulando ataques às urnas e incitando a intervenção militar.

Além disso, ele teria utilizado órgãos do governo, como a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), para interferir nas eleições e espalhar informações falsas. Investigações revelaram ainda que aliados de Bolsonaro financiaram acampamentos golpistas e tentaram obter apoio das Forças Armadas para manter o ex-presidente no poder. O caso também envolve a elaboração de um plano conhecido como “Punhal Verde e Amarelo”, que incluía ações violentas contra autoridades.

É importante lembrar que Bolsonaro estava sob prisão domiciliar desde agosto, após descumprir medidas cautelares, e sua situação se agravou quando ele tentou remover a tornozeleira eletrônica, o que resultou na decisão de sua prisão preventiva.

Com todos esses desdobramentos, o futuro do ex-presidente se torna ainda mais incerto, e o país acompanha com atenção os próximos passos desse caso que promete repercutir por muito tempo.



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