Tarifaço continua para parte do agro: café solúvel, uva, mel e pescados ainda sofrem taxa de 50% nos EUA

Impacto do Tarifão: O Que Acontece com Café Solúvel, Uva, Mel e Pescados no Mercado Americano?

Recentemente, decisões do governo americano provocaram uma verdadeira reviravolta nas exportações brasileiras, especialmente no setor agrícola. Esses novos desdobramentos isentaram uma série de produtos de tarifas adicionais, mas, infelizmente, não conseguiram abranger alguns itens importantes, como o café solúvel, a uva, o mel e os pescados. Neste artigo, vamos explorar o impacto do tarifão e entender como esses produtos estão sendo afetados.

O Que Mudou com as Novas Decisões do Governo Americano?

No dia 14 deste mês, o governo dos Estados Unidos retirou a tarifa recíproca de 10% sobre aproximadamente 200 produtos alimentícios de diferentes países. Essa decisão trouxe um alívio considerável para o agronegócio brasileiro, já que produtos como o café em grão e a carne bovina, que são essenciais nas exportações nacionais, ficaram isentos dessa taxa. Apenas uma semana depois, outra decisão foi anunciada, especificamente direcionada ao Brasil, suspendendo uma sobretaxa de 40% que havia sido estabelecida em julho para mais de 200 produtos.

Apesar de boas notícias para muitos, o alívio não chegou a todos. O café solúvel, por exemplo, não foi incluído nessas isenções, o que deixou muitos no setor confusos e preocupados.

O Café Solúvel e Seus Desafios

A indústria do café solúvel no Brasil sempre teve uma forte presença nos supermercados dos Estados Unidos. Em 2024, esse produto representou 10% das exportações totais da indústria cafeeira brasileira. Contudo, com a recente exclusão das tarifas, a situação se tornou alarmante. O diretor da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel, Aguinaldo Lima, expressou sua preocupação. Ele ressaltou que a dependência do mercado americano era significativa, com 38% do que os americanos importaram vindo do Brasil no último ano.

As exportações de café solúvel para os EUA começaram a cair drasticamente desde a imposição da taxa de 40% em julho, e o volume exportado caiu cerca de 50% nos meses seguintes. Essa perda de mercado é uma preocupação crescente, pois os consumidores americanos podem começar a buscar fornecedores alternativos em países como México e Colômbia.

O Setor de Uva em Crise

Outro produto que enfrenta dificuldades é a uva. Mesmo com a isenção de tarifas para muitas frutas, a uva foi deixada de fora. Em 2024, as uvas representaram 12% de todas as frutas frescas exportadas do Brasil, gerando uma receita de US$ 41,5 milhões. No entanto, a venda de uvas para os EUA caiu 73% em comparação ao mesmo período do ano anterior, o que é alarmante para os produtores.

Eduardo Brandão, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados, afirmou que a exclusão da uva das isenções pode estar relacionada à grande produção interna dos EUA e à expectativa de uma supersafra. Contudo, os exportadores estão redirecionando suas vendas para outros mercados, o que diminui a pressão sobre os preços.

O Mel e Seus Desafios no Mercado Americano

O mel brasileiro também está enfrentando dificuldades. Já sujeito a uma taxa de importação de 8,04%, a nova sobretaxa de 50% complicou ainda mais a situação. Renato Azevedo, presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Mel, manifestou preocupação quanto à renovação dos contratos com os EUA, que representam quase 80% das exportações de mel do Brasil.

Embora haja garantias de contratos até dezembro de 2025, o futuro é incerto. As expectativas são de que os preços irão cair, mas ninguém sabe ao certo em quanto. A falta de confirmação sobre a renovação dos contratos tem gerado incertezas e ansiedade entre os produtores.

Pescados: Uma Indústria Ignorada?

O setor de pescados também não foi beneficiado pelas isenções do tarifão. Eduardo Lobo, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados, lamentou a falta de prioridade dada ao setor. Ele argumenta que a indústria de pescados não é apenas vital para a economia, mas também para o sustento de muitas comunidades costeiras.

Com vendas de cerca de US$ 300 milhões por ano para os EUA, o setor representa quase metade de todas as exportações de pescados do Brasil. No entanto, a ausência de avanço nas negociações coloca essa indústria em risco crescente.

Considerações Finais

O impacto do tarifão sobre produtos brasileiros como café solúvel, uva, mel e pescados ilustra a complexidade do comércio internacional e as dificuldades enfrentadas pelos exportadores. Embora algumas isenções tenham sido concedidas, muitos itens essenciais ainda enfrentam desafios significativos. A luta por justiça comercial e por melhores condições de exportação continua, e é urgente que os produtores brasileiros se unam para reivindicar seus direitos e garantir que seus produtos tenham espaço no mercado americano.

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